NOTA: "Os textos das intervenções em Timor-Leste foram estabelecidos a partir das transcrições dos registos dos improvisos do Presidente da República"


Em Baucau

Baucau, Timor-Leste
14 de Fevereiro de 2000


Meus amigos, muito obrigado por esta vossa amizade, por esta força, que vos manteve fiéis aos ideiais da liberdade e da independência.

Quero que saibam que o Povo Português vos acompanhou nesta luta de vinte e cinco anos, vos acompanhou no vosso sofrimento e a continua agora a acompanhar-vos, certo de que os Timorenses vão
ganhar a batalha do desenvolvimento e do progresso para a independência deste país.

Durante muitos anos, ninguém queria ouvir falar de Timor-Leste Foram vocês, a Igreja Timorense, o CNRT e as FALINTIL que mantiveram viva perante o mundo esta ideia fundamental: não há povos dispensáveis!: -"Nós, Timorenses, existimos!"- foi isto que disseram ao mundo inteiro durante vinte e cinco anos.

O segredo desta vitória foi a vossa unidade, a unidade de todos os Timorenses. A unidade das suas forças no CNRT e a unidade da sua
Igreja. Por isso, também devo, como Presidente da República Portuguesa, agradecer à Igreja Timorense, aqui representada na
pessoa de D. Basílio do Nascimento, o ter percebido o que era uma luta de libertação e identificar-se com essa luta.

Os Timorenses conseguiram reclamar a atenção do mundo. Ainda bem que assim acontece. Precisamos de responder ao mundo, vós precisais de responder ao mundo, dizendo que perceberam bem que a luta, agora, é pela paz, pela segurança, pela reconciliação e pela reconstrução nacional.

A chave da vitória continua a ser a mesma: a unidade, a mobilização e a participação de todos os Timorenses na construção do seu futuro comum.

A minha ambição, que quero exprimir na hora de deixar Timor, é que sejam capazes de construir escolas para as crianças e centros de saúde para os que precisam de cuidados. Sei que as vossas comunidades prestarão assistência a todos os cidadãos de mais idade que precisam de carinho e de afectividade.

A luta pela independência foi árdua e longa e muitos tombaram pelo caminho. Quero dizer-vos, em nome de Portugal, que estamos ao lado dos Timorenses para vos ajudar a conquistar o desenvolvimento, a justiça e uma paz duradoura.

Não podemos esquecer a forma como votaram no referendo da auto-determinação. Essa força extraordinária posta ao serviço daquilo que agora importa, vai fazer Timor triunfar da tristeza e da destruição.

Meus amigos,

Foi inesquecível reconhecer, nestes dias, a vossa simpatia, a vossa afectividade e a vossa confiança no futuro que acabaram de conquistar.

Agradeço-vos como Português a lição de coragem e de amizade e desejo-vos, do fundo do coração, o futuro que todos merecem neste abençoado país

Viva Timor-Leste.