Jantar em honra do Presidente do Governo Regional dos Açores

Ponta Delgada
19 de Julho de 1999


Não ficaria bem comigo próprio se não retribuísse, em primeiro lugar, as suas palavras num plano puramente pessoal. Quero-lhe agradecer, a si e à Dra. Luisa todas as atenções e provas de amizade e estima com que me distinguiu a mim e à Maria José.
Tenho plena consciência de que reforçamos um conhecimento recíproco e um relacionamento pessoal que me é particularmente grato.
Estes têm sido dias intensos, de um estimulante convívio entre toda a comitiva que me tem dado a honra de me acompanhar. Temos, em conjunto, tido a oportunidade de discutir os problemas dos Açores. Quero-lhe agradecer também, a franqueza com que sempre me chamou a atenção para as dificuldades que subsistem e para os problemas que ainda se colocam ao desenvolvimento desta Região.
Procurei sempre, desde os tempos dos debates sobre a autonomia, acompanhar a vida das Regiões Autónomas. Apesar disso, ao longo destes dias, aprendi muito. Solidifiquei convicções quanto aos desafios que estão colocados à região e ao modelo autonómico. Mas alterei outras que num confronto mais detalhado com a realidade pude melhor interpretar. Esta é uma oportunidade única para um Presidente.
Não tenho dúvidas em vos afirmar que o conhecimento aprofundado que de aqui levo é muito importante para o exercício do meu cargo.
Não cabem nas minhas competências constitucionais o exercício de quaisquer funções que directamente possam contribuir para a solução dos problemas concretos da Região. Mas, estou certo que ampliei a minha capacidade de desempenhar um papel de incentivador e facilitador de oportunidades, quando elas possam depender do apelo e da magistratura serena do Presidente da República. Estou certo de que aprofundei a minha capacidade de conceber e formular o natural desenvolvimento das autonomias regionais e do seu relacionamento com o governo da República. Tal como estou certo que reforcei o laço afectivo que me liga à população açoreana.
Ao longo destes dias, pude dispor do acompanhamento constante de um grande número de órgãos de comunicação social. O seu trabalho tem um valor insubstituível. Sem eles é impossível o país conhecer melhor a diversidade dos problemas que caracterizam as diversas parcelas do território nacional. E esse conhecimento é indispensável à construção de um sentimento de partilha de responsabilidades no exercício da necessária solidariedade nacional. É útil que o continente conheça melhor os Açores e a Madeira, tal como nestas regiões é importante conhecer melhor os problemas do continente português.
Espero, com esta minha visita, tal como com aquela que fiz à Madeira, ter contribuído para a divulgação de um conhecimento mais profundo das características particulares destas regiões Autónomas. É preciso afastar tantas ideias feitas, fruto de pormenores irrelevantes e de pequenos conflitos acessórios. É preciso perceber e compreender o caminho de afirmação que os poderes autonómicos tiveram de percorrer ao longo destes anos no contexto nacional. Acima e para além disso tudo, está a necessidade de construir uma consciência dos problemas que aqui se colocam e da forma como poderemos mobilizar os recursos nacionais para os resolver.
É isto e apenas isto que mobiliza o Presidente da República e que o fará estar sempre atento à realidade das regiões Autónomas e disponível para, no quadro das suas competências, poder dar o seu contributo.
Permito-me, para terminar este meu agradecimento das suas palavras que já vai extenso, sublinhar um aspecto que me é muito grato constatar.
Por todo o lado encontrei uma nova geração de açoreanos, activa, dinâmica, qualificada, interessada em apostar o melhor de si próprio na construção do futuro dos Açores e que felizmente não sentem mais a pressão da necessidade de abandonar a sua terra para poder encontrar uma oportunidade de vida para si e para os seus. Isso, Senhor Presidente do Governo, é o maior património de que os Açores dispõem e o maior factor de orgulho da Autonomia Regional.
Outros, tantos outros, tiveram antes de partir. Eles são, nas comunidades que constituem, laços indeléveis de Portugal no Mundo. Eles nunca esquecem Portugal. Nem nós os esquecemos. A todos esses açoreanos eu quero estender também uma saudação fraterna. O seu sacrifício e coragem são dignos de admiração. É para que nunca se repitam as condições dramáticas que os forçaram a partir que é preciso que se reunam todos os esforços, se mobilizem todas as vontades e se trabalhe com continuidade e estabilidade. Foi esse empenho que aqui vim encontrar. E nada me poderia ser mais grato de constatar.