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Sessão de Encerramento do III Congresso de Arqueologia Peninsular
Vila Real
Este Congresso representa, como tem sido sublinhado pelos organizadores, uma forte mobilização da comunidade dos arqueólogos portugueses e espanhóis em torno de temas do domínio da sua actividade e da sua profissão. Encaro com o maior interesse os debates aqui efectuados e as orientações que delas virão a sair, e por isso agradeço à Associação para o Desenvolvimento da Cooperação em Arqueologia Peninsular e à Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro o convite para também participar nesta iniciativa.
Tenho acompanhado algumas das principais intervenções da Arqueologia no território de Portugal e estou convencido de que se atingiram padrões de qualidade muito significativos. Por outro lado, a projecção mundial de algumas descobertas arqueológicas recentes, de que Foz Coa se tornou emblemática, ou dos trabalhos em profundidade e rigor no levantamento e estudo de espaços civilizacionais, como Mértola, permite verificar que a arqueologia portuguesa rompeu as barreiras tradicionais de um certo isolamento e deu passos no sentido duma internacionalização. Congratulo-me com esse facto e por isso saúdo este Congresso, onde arqueólogos portugueses e espanhóis partilham problemas, descobertas, preocupações e hipóteses. Não tenho dúvidas de que este horizonte de cooperação e de desenvolvimento científico é muito importante e representa uma oportunidade que deve ser consolidada. O entusiasmo que este Congresso suscitou, com um notável número de participantes, efectuando-se numa das Universidades situadas no interior do País, é indicador de que a arqueologia exerce um largo fascínio entre a juventude. Há que corresponder a esse entusiasmo e encontrar possibilidades consistentes de enquadrar na actividade jovens arqueólogos, que renovem, ampliem e reforcem as capacidades já disponíveis arqueologia é um domínio fundamental para o conhecimento do território, uma disciplina a cujo corpo de técnicas e de saberes se tem de recorrer para melhorar a qualidade das intervenções nos espaços moldados pelo homem. Acredito que o caminho da articulação entre instituições com responsabilidades nas políticas territoriais e, em paralelo, o caminho da interdisciplinaridade e da multidisciplinaridade, permitirão à arqueologia crescer, crescer quantitativa e qualitativamente. Permitirão igualmente, segundo creio, tornar mais fluida e confiante a relação entre a arqueologia e a comunidade. A percepção que se tem da actividade dos arqueólogos, enquanto técnicos do património, evoluiu consideravelmente nas últimas décadas, mas pode ser melhorada se aumentarmos a capacidade e a eficácia das intervenções arqueológicas e a coordenação das políticas de preservação e valorização do património. Quero, por fim, reafirmar a convicção profunda da importância estratégica do conhecimento sobre o território para o nosso futuro colectivo. Refiro-me não apenas ao plano da acumulação de conhecimentos que habilitem os responsáveis à tomada de decisão. Refiro-me sobretudo aos conhecimentos que ajudem a formar uma consciência pública mais atenta aos problemas e mais participante na sua solução, mais desperta para os riscos e mais empenhada na mudança de atitudes em direcção aos valores da sustentabilidade. O papel da Arqueologia, em cooperação com outras disciplinas que se ocupam igualmente do território, é realmente crucial. Agradeço a todos vós o esforço realizado e faço votos pelo futuro da vossa actividade. Gostaria, por último, de me dirigir à comunidade universitária de Vila Real, e peço licença à organização do Congresso para o fazer aqui, saudando a sua generosa mobilização em torno da causa do timorense, num momento particularmente difícil e dramático do longo combate do povo de Timor pela liberdade e independência. Como em todo o País, Vila Real foi solidária e a sua juventude esteve na primeira linha da condenação da violência e da opressão. Essa solidariedade vai continuar a ser posta à prova, sob outras formas estou certo. Estou igualmente certo de que saberemos continuar a corresponder aos novos apelos e exigências da paz e da reconstrução de Timor. |