Assinatura do Manifesto 2000, por ocasião do Lançamento em Portugal do Ano Internacional da Cultura da Paz, Proclamado pela Assembleia Geral das Nações Unidas

Palácio de Belém
14 de Setembro de 1999


Aceitei, com muito prazer, associar-me ao lançamento em Portugal do Ano Internacional da Cultura da Paz, que a Assembleia Geral das Nações Unidas em boa hora proclamou e que a UNESCO tem vindo a promover de forma tão empenhada.
Com este acto simbólico da assinatura do Manifesto 2000 - em cuja redacção participaram vários Prémios Nobel da Paz, entre os quais D. Ximenes Belo e José Ramos Horta - quero prestar um pequeno contributo para a divulgação em Portugal desta importante iniciativa.
Quiseram as circunstâncias que esta cerimónia decorresse num momento particularmente triste não só para os portugueses como para o conjunto da Comunidade Internacional. A bárbara e sistemática agressão aos mais elementares direitos humanos perpetrada em Timor nos últimos dias chocou-nos e chocou profundamente o mundo.
Vivemos todos emocionadamente o dia-a-dia em Timor-Leste. Agimos com vigor e determinação no sentido de um pronto restabelecimento das condições de segurança e de ordem, através da indispensável presença no terreno de uma força multinacional, com vista a permitir o urgente encaminhamento de ajuda humanitária para o martirizado Povo do território e a consentir a transição pacífica para a sua efectiva independência.
O Manifesto 2000 faz-se eco de um conjunto de valores cuja vivência deveria constituir o nosso legado às gerações vindouras, neste virar de milénio. Infelizmente, a realidade desmente, um pouco por todo o lado, esta legítima aspiração.
Essa é mais uma razão para continuar a proclamar os princípios de uma Cultura da Paz em que firmemente acreditamos, apelando ao compromisso de todos no sentido da sua defesa e da sua prática quotidianas. O Manifesto 2000 resume-os de uma maneira particularmente simples e feliz. Assim conseguíssemos vê-lo cumprido.