Jantar em Honra de Sua Excelência o Presidente da República da Tunísia, Senhor Zine El Abidine Ben Ali

Palácio Nacional da Ajuda
09 de Maio de 2000



Senhor Presidente,

Minhas Senhoras e meus Senhores,

A presença de Vossa Excelência em Portugal vem culminar um ciclo intenso de visitas recíprocas de membros dos Governos dos nossos dois países, que reflecte bem a excelência e o dinamismo das relações bilaterais luso-tunisinas.


O estreito relacionamento e os laços de cooperação que unem a Tunísia a Portugal, consubstanciados numa multiplicidade de instrumentos jurídicos, que cobrem hoje os mais diversos sectores de actividade, tem de resto, como é bem do conhecimento de Vossa Excelência, ultrapassado o plano meramente bilateral, desenvolvendo-se também, de forma frutuosa e criativa, a nível multilateral, em particular no âmbito da União Europeia.

A cooperação que temos vindo a desenvolver no contexto, quer do Fórum do Mediterrâneo, quer do Processo de Barcelona, pode, a justo título, ser considerada exemplar, merecendo todo o nosso apreço e encorajamento. Encaramos com grande satisfação o modo activo e empenhado como as autoridades tunisinas têm assegurado a sua participação no diálogo euro-mediterrânico, envolvendo-se directamente nos mais diversos projectos, sobretudo de índole económica.


Enquanto Presidência da União Europeia e no momento em que a União prepara o seu alargamento, Portugal atribui a maior importância ao reforço das relações desta com os países da margem Sul do Mediterrâneo, de modo a criar, em torno deste mar, uma área alargada de estabilidade e desenvolvimento. Neste contexto, é nosso desejo que a Tunísia mantenha e desenvolva o papel de relevo que tem vindo a assumir neste projecto.

Senhor Presidente,

Acompanhamos naturalmente com todo o interesse a evolução da situação interna na Tunísia, para cuja modernização Vossa Excelência tem contribuído de forma decisiva. Os nossos dois países têm dimensões semelhantes, são geograficamente próximos e sofreram a influência das mesmas civilizações, mantendo não obstante a sua identidade própria . Esta comunhão de características, aliada a uma conhecida amizade, impele-nos pois a manter um olhar interessado sobre a outra margem do Mediterrâneo, nossa fronteira comum.


Vossa Excelência lutou, na sua juventude, pela independência do seu país. Também eu o fiz, pela libertação do meu. Sabemos pois avaliar, melhor do que ninguém, o valor da liberdade .

Neste dealbar do século XXI, acreditamos, com redobrada convicção, que a democracia, o pluralismo político e religioso, a liberdade de expressão e associação e o integral respeito pelo ser humano, constituem direitos inalienáveis de qualquer cidadão do mundo, independentemente da sua raça, sexo, ou credo. Também para a União Europeia estes são valores fundamentais, de que faz sua bandeira, considerando-os como premissas fundamentais.

Estamos conscientes dos condicionalismos específicos a que, neste contexto, está sujeita a Tunísia, razão acrescida para admirarmos os avanços significativos já registados em determinadas áreas, como é o caso da condição feminina, acreditando que, também noutras vertentes, se verificarão progressos de relevo .

Acompanhamos com especial apreço o crescimento equilibrado da economia tunisina, resultante de uma ousada política de reformas, que agora começa a dar os seus frutos, bem como os avanços registados na área social.

Partilhamos as preocupações de Vossa Excelência relativamente ao flagelo do desemprego. Portugal patrocinou, como é sabido, a realização em Lisboa, no passado mês de Março, de um Conselho Europeu Extraordinário sobre Emprego, Reforma Económica e Coesão Social. Os resultados desta reunião terão profundas consequências ao nível da organização interna da União Europeia, reforçando nomeadamente as competências do Conselho Europeu em matéria de política económica e social. Enriquecidos por esta experiência, depositamos agora grandes esperanças na criação do Observatório Euro-Mediterrânico do Emprego e Formação Profissional, projecto apadrinhado desde 1996 por Vossa Excelência, ao qual nos associamos com entusiasmo.


Senhor Presidente,

As relações entre os nossos dois povos e Estados caracterizam-se hoje por uma pujança invulgar, que, ao que tudo indica, tenderá cada vez mais a fortificar-se. Após um longo período em que Portugal e a Tunísia, fruto de diversas contingências históricas, seguiram destinos diferentes, os dois países, finalmente, descobriram-se mutuamente.

São hoje inúmeras as áreas de cooperação e contacto em que se desenvolve o nosso relacionamento – finanças, indústria, comércio, pescas, administração do território, justiça, defesa, turismo, cultura, ciência – a enumeração é longa e rica de cambiantes.

Abre-se, a ambos os lados, todo um vasto campo de potencialidades, que caberá a portugueses e tunisinos explorar e desenvolver.

Depositamos particulares esperanças no domínio das trocas comerciais e dos investimentos, os quais estarão ainda aquém das potencialidades actualmente existentes, tendo em conta os níveis de desenvolvimento atingidos pelos dois países . Estou certo que a presença, na comitiva de Vossa Excelência, de destacados empresários e presidentes de associações industriais e profissionais, poderá contribuir para a obtenção dos resultados pretendidos.

Saibamos nós corresponder a estes desafios, contribuindo assim para o progresso dos nossos dois países, ricos na sua diversidade e na complementaridade dos seus interesses.

Peço-vos que me acompanhem num brinde pela saúde de Sua Excelência o Presidente Ben Ali, pela amizade que une tunisinos e portugueses e pelo progresso e desenvolvimento das relações entre Portugal e a Tunísia.