Prémio Vida Literária atribuído a Eugénio de Andrade

Culturgest
08 de Maio de 2000


O Prémio Vida Literária atribuído a Eugénio de Andrade é uma justíssima distinção tributada a um grande poeta, que fez da poesia a razão e a justificação mais profunda da vida.

A sua obra – luminosa, autêntica essencial, rigorosa – é o grande testemunho dessa atitude que vê na poesia a mais alta verdade que ao homem é dado dizer sobre o homem e sobre o Mundo.

Sem concessões, com uma exigência soberana e exemplar consigo mesmo, Eugénio usou sempre a palavra da poesia para afirmar a dignidade do humano e para resistir à vulgaridade e à opressão de qualquer tipo.

O seu comportamento cívico tem também nesta visão da dignidade do homem a sua raíz mais funda. Por isso, nunca cedeu à demagogia e assumiu sempre um carácter ético.


É-me muito grato estar aqui. Sou amigo e admirador do nosso grande poeta, desde sempre. Os seus livros foram, muitas vezes, companheiros das minhas horas. Da sua poesia, dessa “espécie de música”, como disse Óscar Lopes, recebi encantamento, beleza, iluminação.

Quero, neste momento, manifestar a Eugénio de Andrade, em nome de Portugal, o nosso reconhecimento pelo muito que tem prestigiado a nossa cultura, como é evidenciado pelo renome internacional que alcançou e pelo impressionante número de traduções, que não cessa de aumentar.

Este Prémio é uma bela iniciativa. Felicito a Associação Portuguesa de Escritores e o seu Presidente, o meu querido Amigo José Manuel Mendes, por ela e também a Caixa Geral de Depósitos que a apoia.


Sob a inspiração da poesia de Eugénio de Andrade, reencontro-me com o que na vida conta verdadeiramente. E entre o que conta verdadeiramente está a amizade pelo grande poeta que, hoje, homenageamos e a admiração que dedicamos à sua obra, tão bela e tão indispensável.