Sessão Inaugural da Exposição Mundial de Lisboa – Expo 98

Expo 98
21 de Maio de 1998


Com este acto solene e no dia em que se cumprem quinhentos anos sobre a chegada por mar de Vasco da Gama à Índia, inaugura-se a Exposição Mundial de Lisboa, dedicada aos oceanos.
Portugal fez do mar a via para se encontrar consigo, com os outros, com o Mundo. Tem, por isso, muita honra e muita alegria em acolher este grande acontecimento cultural, científico e humano, de dimensão planetária, que recebe o seu sentido do fundo dos tempos e o projecta no futuro.
Ao abrir as suas portas, a Expo’98 torna-se um lugar de encontro de todos os povos, na extraordinária riqueza da sua diversidade. É, assim, um símbolo do que queremos seja o próximo século: um tempo de diálogo entre civilizações, continentes, culturas e religiões, um tempo de cooperação internacional, de solidariedade entre o Norte e o Sul, entre o Leste e o Oeste.
Ao eleger os “oceanos - um património para o futuro”, como seu tema fundamental, a Expo’98 apela às novas gerações para que tenham uma consciência que, muitas vezes, nos faltou.
Essa consciência é a da responsabilidade, que não exclui nenhum ser humano, de preservarmos o planeta e defendermos o ambiente, os recursos naturais, o património, a memória. É ainda a do dever de humanizarmos a vida, de pôrmos o desenvolvimento ao serviço das pessoas, de darmos à solidariedade um conteúdo concreto e universal.
País europeu, atlântico e universalista, com uma língua falada por 200 milhões de seres humanos e uma memória cultural presente em todos os cantos da Terra, Portugal reencontrou, com a Revolução do 25 de Abril de 1974, a democracia e o sentido de abertura, modernidade e inovação. Reecontrou-se também com a característica que melhor define a sua história e a sua cultura: isto é o universalismo, a abertura ao exterior, a comunicação com os outros. Esta Exposição realiza-se também na inspiração desses valores.
Estamos e gostamos de estar orgulhosamente acompanhados.
Pude acompanhar, pelas funções que exerço e pelas que anteriormente exerci, o processo exaltante que foi conceber, planear e executar a Exposição. Tive o prazer de assistir àquela sessão em que o Bureau International d’Expositions aprovou o projecto e escolheu Lisboa. Desde então, o caminho que se percorreu e o esforço que se fez foram extraordinários.
Quero expressar, sem distinções de nenhuma ordem, o mais veemente reconhecimento a todos aqueles que, em qualquer fase, com a sua orientação, o seu trabalho, a sua competência, a sua audácia, deram a este acontecimento a grandeza que ele tem. Presto homenagem à memória dos que perderam a vida no decurso dos trabalhos realizados.
Projecto motor de recuperação e desenvolvimento de uma grande zona urbana, a Expo não acaba quando fechar as suas portas nem se limita à área em que se situa. É um projecto de grande irradiação e de abertura ao Mundo. Nesse sentido, é um projecto de unidade e coesão nacional, um instrumento de afirmação de todo o Portugal.
Ao dirigir-me a tantos convidados ilustres que quiseram estar connosco neste dia, sei que o privilégio da vossa presença traduz um privilégio maior: o da vossa amizade e da amizade dos povos e instituições que representais. Agradeço, em nome de Portugal, esses sentimentos que tanto nos desvanecem e saúdo todos os países que nos dão a honra da sua representação nesta Exposição.
Compreende-se que, neste momento refira, com intenção especial, a representação de Timor-Leste, território sob administração portuguesa que se encontra ocupado pela Indonésia e onde todos os dias são violados, de forma brutal, os mais elementares direitos humanos.
Conscientes de que realizações como esta vão muito para além do curto tempo em que são vistas, reafirmemos a nossa esperança no futuro e a responsabilidade partilhada que perante ele temos. Neste tempo de globalização, em que todos e cada um estamos e nos sentimos ligados ao destino da Humanidade, esta é a mensagem fundamental desta Exposição.
É, por isso, com muita honra e alegria, que declaro oficialmente aberta a Exposição Mundial de Lisboa, 1998.