Sessão de Inauguração da Ponte Vasco da Gama

Lisboa
29 de Março de 1998


Assinalamos solenemente a abertura de uma nova ponte sobre o Tejo, com legítima satisfação e com fundada expectativa.
É certamente obra de uma geração, onde se revêm capacidades de concepção e de execução de elevadíssimo nível, expressas nos indicadores referenciados nas intervenções precedentes.
A envergadura deste projecto mede-se em primeiro lugar pela múltipla proveniência dos que nele participaram, técnicos e trabalhadores, a cujo reconhecimento me associo, homenageando todos os que nele perderam a vida. Os efeitos que produzirá na rede de comunicações nacional e internacional, ultrapassa uma cidade, uma região, o próprio país.
Aproxima-nos ainda mais dos outros povos, sobretudo dos nossos parceiros europeus.
Trata-se, aliás, de um grande projecto de sentido europeu, de que, também por esse facto, nos devemos orgulhar. Responderam adequada e confiadamente as instâncias comunitárias ao apelo que o Governo da República lhes endereçou, em nome da coesão e da solidariedade europeias.
O entendimento que temos da integração europeia, como um processo de correcção de assimetrias de desenvolvimento e de harmonização dos espaços sociais, saíu deste modo justificado e reforçado.
Nos últimos trinta anos ocorreram transformações profundas na paisagem económica e social, quer a norte quer a sul do Tejo, mudaram as direcções e os fluxos de pessoas e de bens em ambas as margens. Uma nova ponte tornou-se indispensável.
Este é pois o momento para envolver no reconhecimento tanto aqueles que tomaram a decisão, e deram os primeiros passos, como aqueles que prosseguiram os trabalhos e os concluíram nos prazos fixados. O Poder Político e a Administração Pública portugueses saem prestigiados com essa continuidade assegurada.
Este projecto tem implicações profundas sobre o território e sobre o desenvolvimento.
Existem garantias sólidas de que muitos dos aspectos eventualmente negativos da intervenção foram acautelados, incluindo o domínio ambiental. Até onde vai a capacidade de previsão científica e técnica, muitos dos impactes da nova ponte foram equacionados. Continuaremos a olhar e a prevenir outros efeitos deste estrutura no tecido urbanístico e social. Dispomos de uma experiência analisada, de uma capacidade técnica adquirida e um saber acumulado. Os responsáveis políticos nacionais e locais estão sensibilizados para os problemas a enfrentar.
A nova ponte representa uma oportunidade excepcional de desenvolvimento, de aumentar de forma sustentada a qualidade da vida e do ambiente, e não apenas uma possibilidade efémera de crescer.
Recebeu esta ponte o nome de Vasco da Gama, o navegador português pioneiro da aventura moderna que abriu novos horizontes à humanidade, tanto geográficos como culturais. É um simbolismo que consagra, mas que também exige. Está associado não só a uma atitude pela curiosidade e favorável à inovação, como à valorização do intercâmbio entre povos e culturas.
A ponte Vasco da Gama terá, como se sabe, um papel crucial no sistema de acessibilidades à Exposição Mundial que se iniciará no próximo mês de Maio. A Expo 98 é outro grande projecto representativo do modo como Portugal se empenha no conhecimento e compreensão mútua entre as culturas, como condição indispensável para a cooperação entre os países de todo o mundo.
Esta inauguração, a que tenho o prazer e a honra de presidir, fica pois a assinalar o espírito com que neste final de milénio encaramos tanto as exigências de modernização do país como o relacionamento com os outros povos.
Estão de parabéns todos os portugueses.