Sessão Solene de Entrega do Prémio Excelência PEX/SPQ e de Encerramento do Mês da Qualidade

Lisboa
27 de Novembro de 1998


Gostaria em primeiro lugar de manifestar a minha satisfação por poder testemunhar este acto de tão grande significado no que se refere à promoção da qualidade nas nossas organizações.
A atribuição do Prémio de Excelência e a realização do “Mês da Qualidade” que agora chega ao seu termo simbolizam bem a importância que este domínio vem adquirindo entre nós.
E a justo título.
Trata-se efectivamente de uma preocupação essencial nos dias de hoje, em que a intensificação da concorrência a nível mundial, as exigências dos consumidores e a própria inovação tecnológica pressionam permanentemente as actividades produtivas no sentido da melhoria da qualidade dos seus produtos e da sua própria gestão.
Desde sempre, naturalmente, que em economias de mercado a qualidade se constituiu em factor actuante e impulsionador do progresso.
Mas é legítimo afirmar que foi nas últimas décadas que ganhou o papel decisivo que hoje lhe reconhecemos na competitividade das empresas e da própria economia em geral.
À medida que as economias se tornaram mais prósperas e os cidadãos mais informados, a finalidade essencial da produção deixa de ser a ultrapassagem da escassez de produtos essenciais - em que a quantidade, mais que a qualidade é prioritária - para se centrar na satisfação de necessidades de mais alto nível manifestadas por consumidores exigentes, pouco dispostos a tolerarem falhas ao nível da qualidade dos produtos.
Mas a qualidade não é só um problema da procura de produtos .
É também uma questão que se relaciona directamente com as condições em que se efectua a produção.
Não é por acaso que as economias mais prósperas são também aquelas que sabem realizar produções de mais elevada qualidade.
Podemos até dizer que um critério seguro de avaliação do nível de desenvolvimento de um país é a sua capacidade de produzir produtos de elevada qualidade.
A qualificação da mão de obra e o nível dos métodos de gestão são, neste particular, essenciais.
A qualidade transcende, contudo consumidores e empresas. Existe também uma componente de grande importância que tem a ver com os serviços que o Estado fornece para que se possa processar com eficiência a actividade das organizações.
Não é possível ter um desenvolvimento económico baseado na qualidade se os serviços públicos funcionarem deficientemente e não acompanharem a evolução geral.
A avaliação da qualidade dos serviços públicos, que deve sempre centrada no utente, é assim uma tarefa de importância vital para a prosperidade de um país como ao próprio estímulo à qualidade empresarial.
Consumidores exigentes e informados, empresas bem geridas e dotadas de mão de obra qualificada, serviços públicos eficientes e centrados no utente são, pois as três componentes necessárias para um crescimento económico baseado na qualidade, único que nos tempos de hoje tem viabilidade.
O nosso País encontra-se justamente numa fase crucial nesta matéria. O nosso modelo tradicional de crescimento económico baseado em mão de obra barata e de baixa qualificação esgotou-se.
Não é mais possível competir no espaço europeu com uma estrutura produtiva maioritariamente assente nesse tipo de actividades.
É pois de vital importância para a nossa economia saber mudar para um crescimento apoiado na qualidade.
Passos importantes têm sido dados, em particular no que respeita à formação da mão de obra e à introdução de novas técnicas de gestão nas organizações.
Mas estamos ainda claramente numa fase de transição, pelo que continuam a existir grandes deficiências a todos os níveis e principalmente, como é sabido, no que se refere à qualidade de prestação do serviço público.
A promoção e estímulo da qualidade através de iniciativas como aquelas que aqui hoje presenciamos, que premeiam a Excelência neste domínio são certamente oportunas em qualquer sociedade moderna.
Mas são especialmente necessárias numa economia como a nossa nesta fase de mudança de modelo de crescimento.
Felicito pois a Empresa D.H.L. Transportes Internacionais, Lda, pelo galardão alcançado e manifesto o meu apreço ao Instituto Português da Qualidade e à Associação Portuguesa da Qualidade pelas realizações que tão oportunamente têm promovido neste âmbito, em particular o “Mês da Qualidade” que agora chega ao seu termo.