Cerimónia de Agraciamento do Bispo Dom Ximenes Belo

Palácio de Belém
06 de Agosto de 1998


É, para mim, uma subida honra atribuir a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade a Vossa Excelência Reverendíssima.
D. Carlos Ximenes Belo, Prémio Nobel da Paz, tornou-se um símbolo universal de coragem e abnegação na luta pela liberdade. O seu testemunho do sofrimento da comunidade mártir de Timor-Leste, a presença constante ao lado do seu povo perseguido, o seu apostolado pela Paz, pela justiça e pelos direitos humanos tornaram o Bispo de Díli um exemplo para todos os que defendem os valores supremos da liberdade e da dignidade da pessoa humana.
O Bispo Ximenes Belo representa, sobretudo para os Timorenses e para os Portugueses, a esperança num futuro de paz e liberdade para Timor-Leste. Essa expectativa tornou-se mais premente com as mudanças políticas na Indonésia, que podem criar novas condições na procura de uma resolução honrosa e pacífica para a questão de Timor-Leste, com o exercício livre e democrático do direito de autodeterminação, nos termos da Carta das Nações Unidas.
No respeito por esses princípios essenciais Portugal está, como sempre empenhado em trabalhar com todas as partes interessadas, sob a égide do Secretário-Geral das Nações Unidas, no sentido de encontrar fórmulas intercalares transição que possam garantir a defesa dos direitos, da identidade e dos valores da comunidade timorense, para pôr fim à opressão e restaurar a paz em Timor-Leste. Creio, de resto, que os resultados da última reunião ministerial de Nova Iorque representam um passo no bom sentido.
Estou certo que Vossa Excelência Reverendíssima continuará a ter, nesse processo, uma intervenção decisiva e que todos poderemos contar com a sua orientação esclarecida para levar a bom porto a causa comum de Timor- Leste