É com sentida emoção que dirijo a Vossas Majestades estas palavras que são simultaneamente de acolhimento e de despedida, nesta urbe que já os mapa-mundi do remoto século IV identificavam com o nome de Bracara Augusta, e que desempenhou nas nossas histórias comuns passadas papel de tão grande relevo.

O périplo que Vossas Majestades acabaram de realizar e que Vos conduziu da foz do Rio Tejo às terras que formaram o núcleo do Condado Henriquino, e que eu tive o grato prazer de acompanhar, foi também uma viagem no tempo, um exercício de rememoração de tempos antigos e de histórias da nossa democracia. Mas foi também uma ocasião de dialogar sobre o futuro, de evocar formas de estreitar ainda mais a nossa cooperação. E foi, essencialmente, uma oportunidade para aprofundar o nosso conhecimento mútuo, para consolidar as nossas relações de amizade.

Portugal e Espanha são países amigos e aliados, duplamente ligados pela geografia e pela história, duplamente parceiros no quadro atlântico e europeu. Defrontamo-nos com problemas semelhantes, os reptos a que temos de responder são em tudo idênticos. Somos firmemente europeístas, dispomos de um quadro institucionalizado de consultas e concertação, os contactos entre as nossas gentes são cada vez mais frequentes.

Para que possamos tirar inteiro partido desta proximidade geográfica e da comunidade de interesses que é a nossa num mundo cada vez mais globalizado, há que apostar na especificidade das nossas gentes e das nossas terras, identificar sinergias e desenvolver uma valência peninsular que mostre ao mundo a nossa complementaridade.