Cerimónia do Dia Mundial dos Correios

Lisboa
09 de Outubro de 2000


Desde 1520, que o Correio Público é entre nós um instrumento fundamental de comunicação, ligação e abertura. Os cerca de cinco séculos já passados não significam, porém, que esta seja uma actividade em declínio ou ameaçada pela concorrência de outros meios. Antes pelo contrário.

Como parte importante e operacional do sector das comunicações, cujas fronteiras são variáveis e cuja actividade está em constante transformação e inovação, o Correio Postal continua a desempenhar uma actividade indispensável numa sociedade moderna. O papel tradicional dos correios como meio de realizar a comunicação, quase sempre escrita, em qualquer parte do mundo, sofreu uma profunda revolução com as novas tecnologias e o espaço cibernético, mas as comunicações electrónicas vieram, por exemplo, também abrir novos campos de comércio electrónico, que exigem um conjunto de novos serviços postais.

A época em que vivemos, como bem frisa a Mensagem do Director Geral da União Postal Universal, Thomas Leavey, exige que os correios estejam atentos às necessidades do cliente e às suas expectativas quanto à qualidade, procurando sempre melhorar e aperfeiçoar o serviço prestado. Esta preocupação deve ser, de facto, a grande tónica para o desenvolvimento, em geral, e das Comunicações, em especial.

A evolução que se verifica tem provocado uma gradual abertura e liberalização das comunicações, com novos operadores privados que vêm aumentar a concorrência, exigindo um grande dinamismo e regras claras de competitividade e transparência.

Em Portugal, tem havido grandes investimentos no sector dos Correios, que conta já com inúmeros operadores postais privados, actuando em concorrência com os C.T.T. e assegurando serviços diversificados, com vista às actuais necessidades.

A todos, operadores postais públicos ou privados, caberá desenvolver o sector, apostando no elemento humano, qualificando e formando o pessoal, investindo na tecnologia e respondendo aos desafios do presente e do futuro.

A liberalização e a concorrência são já uma realidade irreversível. Discute-se agora na União Europeia qual o seu ritmo e grau, quais os seus limites e as suas regras.

Não tenhamos ilusões. As mudanças no sector postal, mais ou menos rápidas, estão na ordem do dia e são inevitáveis. Os grandes objectivos do serviço postal são, porém, fundamentalmente, os de sempre: rapidez, eficácia e fiabilidade.

Desde os seus primórdios, a Humanidade constitui-se pela comunicação. Os meios e os tempos variaram. O grande fim manteve-se. Antigamente, prometia-se rapidez, dizendo-se que a resposta seria dada na “Na volta do Correio”. Hoje, tem de se estar “on-line”. É isso, estou certo, que os correios querem estar: “on line”, antecipando-se e proporcionando as múltiplas respostas e os novos serviços que o público pretende. É no factor antecipação que todos, C.T.T. e operadores privados, também aqui presentes e que saúdo, poderão vencer a batalha da qualidade, desempenhando um papel fundamental no universo mutante das comunicações.

Não posso deixar de manifestar a minha satisfação pela oportunidade que tenho hoje de visitar a Fundação Portuguesa das Comunicações, instituição recente, que desempenha um papel primordial na conservação, divulgação e animação da património histórico-cultural das comunicações. Está, por outro lado, também atenta às actividades de investigação, desenvolvimento e divulgação das novas tecnologias. Herdeira do antigo museu dos CTT, a Fundação tem conseguido conciliar a preservação do valioso património com as perspectivas educacionais e científicas que o nosso tempo impõe. Os meus parabéns aos seus instituidores e a toda a equipa que trabalha nesta casa.

Os CTT são uma grande instituição nacional, que tem prestigiado o nosso país e mostrado que somos capazes de conciliar tradição, inovação, memória e desenvolvimento. Quero aproveitar esta sessão para exprimir, em nome de Portugal, o reconhecimento pela acção que vêm prestando na reorganização do serviço postal em Timor Leste, contando-se já com a instalação de um moderno centro postal em Díli e com uma Estação de Correios em Baucau.

Pelo serviço público que os CTT têm desempenhado, com reconhecida qualidade a nível mundial, e pela meritória actividade cultural desenvolvida vou, em nome de Portugal, agraciar esta empresa pública com o título de Membro Honorário da Ordem do Mérito. Faço-o, neste Dia Mundial dos Correios, por ser de justiça e porque assim aponto um exemplo de uma empresa que soube aliar os seus objectivos económicos ao serviço à comunidade e a uma acção cultural que a prestigia.