10º Aniversário da Confederação dos empresários do Algarve

Vilamoura
29 de Setembro de 2000


Obrigado, Dr. José Vitorino pelas suas palavras, obrigado também pelo gesto com que a Confederação a que preside me quis distinguir. Não posso deixar de me sentir tocado, digamos assim, não só pelo galardão que me atribuíram, mas também pelos termos em que o fizeram. Neles se aponta a prioridade e ênfase que tenho dado, no exercício das minhas funções políticas, à participação das forças da sociedade civil na modernização do país.

Não me é devido qualquer reconhecimento especial por esse facto, trata-se de um compromisso que assumi livremente com os portugueses, mas é sempre gratificante perceber que o nosso empenhamento foi sentido, isto é, foi considerado oportuno, pertinente e, como tal, valorizado.

Estamos aqui, porém, em primeiro lugar, para celebrar o 10º Aniversário da Confederação dos Empresários do Algarve.

Quero felicitar todos os associados, os corpos dirigentes da Confederação, os fundadores, e, de forma especial, creio que todos concordarão comigo, o grande protagonista deste projecto, o Dr. José Vitorino, que, com o seu entusiasmo e voluntarismo, tem sido o primeiro animador da vida da CEAL.

Dez anos é um período de tempo significativo. A CEAL tem uma idade suficiente para que possamos dizer que, sem perda de juventude, adquiriu estabilidade e solidez. Importa que assim seja, para os interesses que a Confederação representa e promove, em termos sociais e económicos, em termos regionais também.

Permitam-me que, aproveite este ensejo comemorativo, para deixar três apontamentos breves que são suscitados pela análise da acção e do exemplo da CEAL.

O primeiro apontamento pode resumir-se assim: o reforço do associativismo empresarial está e estará na ordem do dia.

Talvez não se tenha vincado suficientemente o contributo do associativismo empresarial para a institucionalização dos interesses legítimos, para a transparência das relações entre mundo económico e Estado, para afinal a própria democratização da sociedade.

Não pretendo recorrer a um chavão, mas o associativismo empresarial, com o que ele pode traduzir de autonomia e representação de interesses, e com o que ele pode significar de participação de um sector de actividade na vida colectiva, o associativismo empresarial tem de ser visto como um elemento valioso da própria cidadania. Como aliás todo o associativismo livre e responsável.

Tenho procurado vincar este aspecto nos múltiplos contactos com associações empresariais de carácter nacional ou regional. Neste último caso, em que se inclui também a CEAL, com o seu enraizamento no tecido económico do Algarve, justifica-se que aponte o seu exemplo.

As associações empresariais regionais podem funcionar como catalizadores das capacidades regionais, como potenciadoras das energias endógenas duma região, processo absolutamente indispensável à coesão nacional, de que tanto se fala, mas nem sempre é compreendido no seu alcance real: só pode haver coesão nacional se garantir igualdade de oportunidades em todo o território, se perceber que a diversidade territorial não é factor de discriminação.

Ora, a CEAL tem estado em muitos momentos na primeira linha da valorização do Algarve, pelo lado que ele merece ser valorizado, que é o do desenvolvimento equilibrado, da afirmação das potencialidades próprias, o da procura da excelência nos produtos e serviços. Assim cumpre uma nobre missão do associativismo empresarial.

O segundo apontamento é uma constatação e um apelo. As associações empresariais têm de constituir-se, seja qual for o plano em que actuem, como um factor de modernização.

Não há, meus amigos, nos dias de hoje, não pode haver, verdadeira modernização empresarial imposta pelas autoridades.

Têm que ser os empresários, através das suas próprias associações, a impulsionar o processo modernizador. Com o Estado, sem dúvida, com as Universidades, cada vez mais, com todas as agências de inovação, mas os verdadeiros motores dessa modernização têm que ser os empresários e as suas associações.

O terceiro apontamento é igualmente simples. Nesta fase de globalização das economias, em que inevitavelmente os Estados deixaram de dispor de certo tipo de instrumentos de actuação no domínio económico, a competitividade deverá ser fruto de uma acção conjugada das autoridades e das associações, sejam estas empresariais sejam sindicais.

Peço licença para sublinhar este ponto, que me parece crucial. A economia portuguesa, por razões que muitos julgam estruturais, tem tido dificuldades em dar o salto que ambicionamos para os níveis de produtividade que nos aproximem mais rapidamente dos países mais desenvolvidos da Europa.

Apesar dos extraordinários avanços das últimas décadas, os caminhos rasgados são mais estreitos do que gostaríamos e, por vezes, com barreiras cuja ultrapassagem se revela difícil.

Sou dos que, como sabem, combate o fatalismo e a resignação e considera ser seu dever permanentemente apelar ao que de capaz, de criativo, de determinado, se afirma todos os dias em Portugal.

Esta mobilização a que incessantemente apelo, meu amigos, não é uma figura de retórica. Sem ela, não conseguiremos vencer as distâncias, que aliás já foram incomensuravelmente maiores. Nessa mobilização das coisas vivas do nosso Portugal, as associações como o CEAL, são insubstituíveis.

Minhas Senhoras e meus Senhores, caro José Vitorino, por todas estas razões aqui estou, e é com muito gosto que me associo ao décimo aniversário da CEAL e faço votos para que tenha uma longa vida ao serviço dos empresários do Algarve, e consequentemente de todo o país.