Entrega do Prémio PME Excelência do IAPMEI

Santa Maria da Feira
14 de Novembro de 2000


Senhores Ministros,
Senhores Administradores do IAPMEI,
Senhores Empresários,
Minhas Senhoras e Meus Senhores,


Dediquei boa parte deste meu mandato a contribuir para uma batalha, que creio longe de estar ganha, em que as armas do rigor e da exigência na crítica às realidades que nos cercam são usadas não para cultivar a lamúria, a desesperança e a maledicência mas, pelo contrário, para identificar com rigor e para trilhar com determinação os caminhos do desenvolvimento económico, do progresso social e da universalidade da cidadania.

Nos inúmeros contactos que tive com os especialistas e os académicos das mais variadas áreas do conhecimento, com os empresários e os dirigentes empresariais, com os trabalhadores e os sindicalistas, com a comunicação social e os líderes de opinião, com os mais diversos actores da sociedade portuguesa e, naturalmente, com os dirigentes e responsáveis políticos, tive sempre a preocupação de fazer notar que, em minha opinião, é tão importante identificar bem os problemas como aprender o mais que nos for possível com os que foram bem sucedidos na procura das soluções.

É, pois, com genuíno prazer que, também aqui, junto a minha voz à dos que pugnam pelo reconhecimento público e pela criação de condições para que as PME que buscam a excelência empresarial disponham de apoios que lhes facilitarão o prosseguimento da sua actividade económica com o alto de nível de eficiência que já as caracteriza.

Minhas Senhoras e Meus Senhores,

As informações divulgadas pelos organizadores deste encontro mostram que a decisão de premiar as pequenas e médias empresas que atingiram patamares particularmente relevantes de eficiência e de rentabilidade é, simultaneamente, uma boa ideia, bem desenvolvida e bem aplicada.

E é-o, antes do mais, porque a sua aplicação aos sectores da indústria, do comércio, da construção, dos serviços e do turismo, o elevado número de concorrentes e a manutenção de critérios exigentes de qualificação e de atribuição dos benefícios demonstram que é possível desenvolver em Portugal empresas capazes de trilhar com assinalável êxito os caminhos do progresso económico.

Acresce que a caracterização das empresas que atingiram o estatuto de PME de Excelência comprova que existem segmentos muito dinâmicos do tecido empresarial nacional, que o País ganharia em conhecer melhor, o que constitui uma factor adicional de confiança no nosso futuro colectivo.

Num País em que cerca de 90 % das empresas são pequenas ou médias e em que é decisiva a vitória na batalha pelo aumento da competitividade, é certamente motivo de alegria e motivo de esperança dispor de mais de 1000 empresas que, com uma média de menos de 60 trabalhadores, facturam acima de 1 milhão de contos, dispõem de uma razoável autonomia financeira e obtêm uma rentabilidade dos capitais próprios superior à média das empresas cotadas no mercado de capitais.

Eis, portanto, um primeiro facto que deve ser assinalado com o devido relevo.

O segundo aspecto que quero vincar é que essas empresas se distribuem pelo centro, pelo norte e pela região de Lisboa e Vale do Tejo concentrando-se na faixa litoral, mas estão também presentes em distritos como Braga, Coimbra e Viseu, facto que não pode passar despercebido a quem se bate pela coesão nacional e pelo equilíbrio do desenvolvimento regional.

Em terceiro lugar, não posso deixar de fazer algumas referências ao que, de acordo com a informação que me foi fornecida, são as características destas empresas de excelência.

São empresas que dispõem de ideias claras quanto aos seus objectivos, empresas em que as preocupações em satisfazer os clientes, em manter altos padrões de qualidade, em acompanhar a inovação tecnológica e em motivar os trabalhadores ocupam lugar destacado nas prioridades de quem as dirige.

São, também, empresas cujos trabalhadores são predominantemente jovens ou muito jovens, empresas que tomam em consideração as opiniões dos seus trabalhadores, a quem são dadas boas oportunidades de formação profissional.

São, além disso, empresas que participam frequentemente em feiras, reuniões e congressos ligados à sua actividade e que estão integradas em associações profissionais.

São, igualmente, empresas em que o esforço persistente e continuado em conjugar a melhoria da rentabilidade empresarial com a motivação dos que nelas trabalham e com a responsabilidade social da empresa perante a comunidade em que inserem ocupam lugares cimeiros entre os critérios de quem as dirige.

São, por último, empresas e em que os investimentos visam prioritariamente a aquisição de novas tecnologias, a melhoria da qualidade dos produtos e dos processos de produção, das condições de trabalho e o respeito das normas ambientais.

Minhas Senhoras e Meus Senhores,

Todos sabemos que os próximos anos são decisivos para o futuro de Portugal porque o País tem perante si o desafio de garantir um importante esforço de modernização sem gerar fracturas políticas e sociais que minem a coesão nacional.

Eu olho com confiança para o futuro de Portugal.

Sei que o momento que vivemos corresponde a uma maior exigência dos Portugueses no seu relacionamento com o sistema político, sobretudo à necessidade de maior transparência, de maior equidade e de uma renovada capacidade de responder com eficiência às expectativas e às ansiedades dos cidadãos.

Sei, também, que as necessidades de maior qualidade e de maior competitividade marcarão o quotidiano das empresas, ao mesmo tempo que os serviços públicos terão de enfrentar crescentemente as consequências do desenvolvimento cultural, social e económico que o País vem conhecendo e que, felizmente, torna os cidadãos e as organizações em que trabalham mais conscientes dos seus direitos.

Mas sei, igualmente, que o nosso País tem razões para acreditar em si próprio, na capacidade de realização dos seus cidadãos, das suas empresas e das suas instituições porque já deu provas de que sabe enfrentar e vencer batalhas difíceis, que é capaz de conceber e de realizar grandes empreendimentos, que sabe e quer contribuir para as tarefas da paz, do desenvolvimento e da solidariedade internacionais.

Estou, por todas estas razões, certo de que Portugal vai responder com êxito aos desafios de que depende a construção dum futuro mais próspero, mais justo e mais livre, de que Portugal vai vencer as batalhas do aumento da competitividade empresarial, aproximando-se decisivamente –como é necessário- dos níveis de produtividade que caracterizam os países com que concorremos, dentro e fora da União Europeia, e que crescentemente nos respeitam.

Os prémios que vão ser atribuídos e os apoios que eles traduzem constituem mais uma passo – e um passo muito relevante! – nesse caminho.

Aos empresários e aos trabalhadores das empresas a quem foi reconhecida a excelência dos resultados a que chegaram, ao IAPMEI e às instituições financeiras que com ele cooperam para darem a notoriedade e os apoios que merecem quem atinge padrões de desemprenho tão elevados, é devida uma palavra de aplauso e um voto de confiança quanto ao futuro do seu trabalho pela contribuição que estão a dar e que, estou certo, quererão continuar a assegurar para melhorar as condições do desenvolvimento sustentado de Portugal.

Muito obrigado pela vossa atenção.