Cerimónia de entrega do "Prémio Fernando Namora"

Casino do Estoril
13 de Março de 2000


É com muito gosto que estou presente nesta cerimónia de entrega do Prémio Fernando Namora a Manuel Alegre.

Desde logo, porque sou velho e querido amigo do homenageado e quero, neste momento, dizer-lhe quanto o estimo e admiro.

Depois, porque ele é uma grande figura da nossa vida intelectual e política, para quem o impulso da criação nunca se pode dissociar do ímpeto da liberdade. Nesse sentido, Manuel Alegre é herdeiro de uma ilustre tradição da nossa história que tem, entre outros, em Almeida Garrett, Herculano, Antero, Eça de Queiroz, Oliveira Martins, Teófilo Braga, Teixeira Gomes aqueles grandes vultos que nunca separaram as causas culturais dos ideais cívicos, porque umas e outras radicam na luta pela afirmação da liberdade humana, individual e colectiva.

Desde os tempos da sua juventude, Manuel Alegre fez da sua voz uma voz de liberdade. A sua coragem cívica é inseparável da sua visão poética e da sua ideia de Portugal, da nossa história e do nosso futuro.

Ao homenagearmos, hoje, o autor da Praça da Canção, homenageamos o resistente, o cidadão, o grande poeta, o ficcionista e o homem fraterno que foi sempre fiel ao essencial da responsabilidade de estar no Mundo.

Creio, por isso, que ele recebe este Prémio com alegria. Fernando Namora foi um escritor solidário e um homem generoso. Lembrá-lo, neste dia, é fazer nossos os ideais de justiça e de humanismo que foram os seus.

Felicito o Casino Estoril por ter criado este Prémio e renovo a Manuel Alegre as mais calorosas felicitações, com o velho e fraterno abraço de amizade.