Festa da Língua Portuguesa e da Entrega do Prémio Camões 2000 ao Escritor Autran Dourado

Sintra
07 de Maio de 2001


Nesta Festa da Língua Portuguesa, as minhas primeiras palavras dirijo-as aos escritores distinguidos com o Prémio Camões. Saúdo os presentes e os que não puderam vir, prestando homenagem à memória dos que já nos deixaram, deixando, porém, vivas as suas obras.

Queremos que o Prémio Camões seja o símbolo da comunidade linguística constituída por 200 000 milhões de mulheres e homens que falam o português. Queremos afirmar e projectar essa comunidade e a língua comum num Mundo em que cada vez mais se faz sentir o peso dos grandes conjuntos geográficos, linguísticos, económicos, culturais.

Afirmar uma língua é garantir a pluralidade e assegurar a diversidade de contributos na construção do futuro. Afirmar uma língua é defender as identidades dos povos que a falam. Afirmar uma língua é estreitar os laços que unem os seus falantes.
Quero, por isso, felicitar calorosamente a Presidente da Câmara Municipal de Sintra por esta iniciativa tão interessante que faz da língua o seu centro e que se realiza numa terra tão bela e de tantas tradições culturais e literárias.

Senhor Doutor Autran Dourado,

Aproveitando esta feliz ocasião, entregamos hoje a V. Exa. o Prémio Camões 2000. Fazêmo-lo com muita alegria e certos de estarmos a prestar uma justíssima homenagem a uma grande figura da cultura brasileira e a um notável escritor da língua portuguesa, que a tem renovado, abrindo-lhe novos horizontes de experiência e de expressão.

Pela sua obra tão original e autêntica, pela sua personalidade, pela sua vida, Autran Dourado fica muito bem ao lado de figuras como Miguel Torga, João Cabral de Mello Neto, José Craveirinha, Vergílio Ferreira, Rachel Queiroz, Jorge Amado, José Saramago, Eduardo Lourenço, Pepetela, António Cândido e Sophia de Mello Breynner.


Minhas Senhoras e Meus Senhores

Temos de fazer da CPLP uma comunidade voltada para o futuro. Para isso, necessitamos de desenvolver uma política de língua moderna, aberta, activa e ambiciosa.

Como a língua é de todos, essa política tem de ser igualmente participada por todos os que a falam. Terá de ser uma política com instrumentos, meios e objectivos. Apraz-me assinalar que o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia das Ciências de Lisboa, recentemente publicado, pode vir a representar, no futuro, um valioso instrumento de trabalho e de cooperação, aberto às sugestões de todos.

Esta Festa da Língua consciencializa-nos para a necessidade de fazermos da projecção da língua uma prioridade. Estou certo de que assim acontecerá, pois é esse o interesse dos nossos países. Renovo a minha saudação a todos os presentes e através de vós a todos os povos lusófonos.