Discurso de Abertura da EXPO 98


22 de Maio de 1998


Majestades,

Excelências,

Altezas,

Minhas Senhoras e Meus Senhores,

Com este acto solene e no dia em que se cumprem quinhentos anos sobre a chegada por mar de Vasco da Gama à Índia, inaugura-se a Exposição Mundial de Lisboa, dedicada aos oceanos.

Portugal fez do mar a via para se encontrar consigo, com os outros, com o Mundo. Tem, por isso, muita honra e muita alegria em acolher este grande acontecimento cultural, científico e humano, de dimensão planetária, que recebe o seu sentido do fundo dos tempos e o projecta no futuro.

Ao abrir as suas portas, a Expo?98 torna-se um lugar de encontro de todos os povos, na extraordinária riqueza da sua diversidade. É, assim, um símbolo do que queremos seja o próximo século: um tempo de diálogo entre civilizações, continentes, culturas e religiões, um tempo de cooperação internacional, de solidariedade entre o Norte e o Sul, entre o Leste e o Oeste.

Ao eleger os "oceanos - um património para o futuro", como seu tema fundamental, a Expo 98 apela às novas gerações para que tenham uma consciência que, muitas vezes, nos faltou.

Essa consciência é a da responsabilidade, que não exclui nenhum ser humano, de preservarmos o planeta e defendermos o ambiente, os recursos naturais, o património, a memória. É ainda a do dever de humanizarmos a vida, de pôrmos o desenvolvimento ao serviço das pessoas, de darmos à solidariedade um conteúdo concreto e universal.

País europeu, atlântico e universalista, com uma língua falada por 200 milhões de seres humanos e uma memória cultural presente em todos os cantos da Terra, Portugal reencontrou, com a Revolução do 25 de Abril de 1974, a democracia e o sentido de abertura, modernidade e inovação. Reecontrou-se também com a característica que melhor define a sua história e a sua cultura: isto é o universalismo, a abertura ao exterior, a comunicação com os outros. Esta Exposição realiza-se também na inspiração desses valores.

Estamos e gostamos de estar orgulhosamente acompanhados.

Pude acompanhar, pelas funções que exerço e pelas que anteriormente exerci, o processo exaltante que foi conceber, planear e executar a Exposição. Tive o prazer de assistir àquela sessão em que o Bureau International d?Expositions aprovou o projecto e escolheu Lisboa. Desde então, o caminho que se percorreu e o esforço que se fez foram
extraordinários.

Quero expressar, sem distinções de nenhuma ordem, o mais veemente reconhecimento a todos aqueles que, em qualquer fase, com a sua orientação, o seu trabalho, a sua competência, a sua audácia, deram a este acontecimento a grandeza que ele tem.Presto homenagem à memória dos que perderam a vida no decurso dos trabalhos realizados.

Projecto motor de recuperação e desenvolvimento de uma grande zona urbana, a Expo não acaba quando fechar as suas portas nem se limita à área em que se situa. É um projecto de grande irradiação e de abertura ao Mundo. Nesse sentido, é um projecto de unidade e coesão nacional, um instrumento de afirmação de todo o Portugal.

Minhas Senhoras e Meus Senhores

Ao dirigir-me a tantos convidados ilustres que quiseram estar connosco neste dia, sei que o privilégio da vossa presença traduz um privilégio maior: o da vossa amizade e da amizade dos povos e instituições que representais. Agradeço, em nome de Portugal, esses sentimentos que tanto nos desvanecem e saúdo todos os países que nos dão a honra da sua representação nesta Exposição.

Compreende-se que, neste momento refira, com intenção especial, a representação de Timor-Leste, território sob administração portuguesa que se encontra ocupado pela Indonésia e onde todos os dias são violados, de forma brutal, os mais elementares direitos humanos.

Majestades

Excelências,

Altezas,

Minhas Senhoras e Meus Senhores

Conscientes de que realizações como esta vão muito para além do curto tempo em que são vistas, reafirmemos a nossa esperança no futuro e a responsabilidade partilhada que perante ele temos. Neste tempo de globalização, em que todos e cada um estamos e nos sentimos ligados ao destino da Humanidade, esta é a mensagem fundamental desta Exposição.

É, por isso, com muita honra e alegria, que declaro oficialmente aberta a Exposição Mundial de Lisboa, 1998.