Dia Nacional da Cultura Científica


24 de Novembro de 1998


Quero em primeiro lugar agradecer o convite que o Senhor Ministro da Ciência e da Tecnologia me dirigiu para participar nas "Portas Abertas" do Centro de Química Fina e Biotecnologia da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa.
   
Confesso que foi com enorme agrado que pude percorrer as suas instalações e laboratórios, observar a sua actividade, contactar com os visitantes e com os investigadores.
   
Parece-me esta iniciativa do maior interesse, pois permite aproximar o cidadão do investigador científico, permite mostrar aos jovens o ambiente e os passos da prática científica, permite suscitar a curiosidade e o aparecimento de novas questões.
   
Quero, por isso, saudar igualmente a ideia de se consagrar um Dia Nacional à Cultura Científica, com o objectivo claro de marcar a necessidade de encararmos a ciência como vector essencial da compreensão do tempo e do mundo em que vivemos.
   
Com efeito, o favorecimento de uma cultura científica é a melhor garantia de que se estimula na sociedade o espírito crítico e participativo, que se promove o desejo e o gosto de conhecer e de aprender.
   
É preciso, na linguagem que usamos todos os dias, que os valores e as atitudes de índole científica estejam presentes e se afirmem; de outro modo a nossa capacidade de representação e de interacção com a realidade ficará severamente limitada. Certamente não saberemos fazer nesse uso as escolhas mais adequadas aos contextos e aos tempos em que hoje vivemos.
   
Poucos países poderão pretende influenciar e muito menos determinar as linhas de força da globalização. Quer isto dizer que a temos que tomar como um pressuposto, não para suportar resignadamente as suas consequências, mas sim para antecipar e gerir, na verdadeira acepção da palavra, os seus efeitos.
   
Sabemos que a globalização implica telecomunicações, computadores, satélites e transportes aéreos de massa. Sabemos também que as bases de funcionamento destes instrumentos e meios não se encontram no saber comum, mas estão intimamente associados a um esforço de criação científica que alterou radicalmente o processo de desenvolvimento tecnológico.
   
Torna-se, pois, imprescindível alargar o conjunto de significados e conceitos que integram o nosso saber colectivo, sendo essencial aprofundar as bases científicas do conhecimento sobre o universo e sobre a natureza, sobre a sociedade e sobre nós próprios.
   
O papel e a intervenção de instituições e de cidadãos dedicados à divulgação e ao estímulo de uma cultura da ciência é fundamental e a todos títulos louvável. É uma tarefa de primordial importância no virar deste século.
   
Quero, por este motivo, neste Dia Nacional da Cultura Científica, acolhendo e assumindo o sentimento e o espírito que o inspira através da figura tutelar de Rómulo de Carvalho, ilustre professor e mestre nascido em terras portuguesas, distinguir um conjunto de cidadãos deste mundo, cuja acção exemplar no domínio da divulgação científica nos deixou a todos mais ricos, mais tolerantes, mais atentos e mais participantes.