Cerimónia de Inauguração do Lar Otília Lourenço

Abiúl
05 de Junho de 2001


No convite que me foi dirigido para esta cerimónia, evocava-se a frase de Piero Pajardi, segundo a qual “o advogado é o primeiro, o mais importante e, muitas vezes, o único tutor da pessoa humana”. Retirando da frase o exagero, talvez propositado, nela encontramos um dos atributos que melhor caracterizam a profissão de advogado e inspiram a sua ética específica.

O Dr. José Lourenço Júnior assumiu integralmente esta orientação, ao longo de toda a sua vida e nas mais diferentes situações. Soube, em particular, ver cada cliente na sua qualidade de “pessoa humana” – sujeito, por excelência, de direitos, deveres e responsabilidades.

Ao contrário de uma imagem bastante em voga, o advogado não limita o seu horizonte de acção à defesa de interesses particularistas. É o sentido da justiça que pauta – deve pautar – a sua actividade, sendo certo que a conjugação da verdade dos factos com o respeito pela dignidade inviolável de cada pessoa e com a correcta aplicação do Direito são eixos fundamentais do seu código de honra.

De tudo isto foi exemplo invulgar o Dr. José Lourenço Júnior, que soube assumir a dignidade humana e a justiça nas suas acepções mais amplas e exigentes. Soube especialmente radicar a justiça na solidariedade e projectá-la em iniciativas do mais alto mérito.

A doação feita à Caixa de Previdência dos Advogados e Solicitadores, a criação da Fundação com o seu nome e todas as iniciativas realizadas no âmbito desta constituem exemplo do seu espírito de justiça, projectado em solidariedade e profundamente inserido na terra que o viu nascer.

Outra mensagem que o exemplo do Dr. José Lourenço Júnior nos lega é a da autonomia da sociedade civil em relação ao Estado, sem prejuízo da estreita cooperação entre ambos. Foram os seus recursos pessoais e familiares que financiaram uma parte significativa das obras realizadas por ele próprio e pela sua Fundação. É esse o caso do Lar Otília Lourenço que hoje inauguramos em conjunto.

Faço votos de que a Vila e Freguesia de Abiúl e todo o concelho do Pombal construam assim o futuro solidário, que sabiamente já iniciaram. Faço também votos de que, na esteira do Dr. José Lourenço Júnior e de tantos outros colegas que souberam honrar, de maneira superior, a profissão, os advogados conjuguem, no seu dia-a-dia, os imperativos da justiça e da solidariedade, da vida profissional e da responsabilidade cívica.