Inauguração do Centro de Saúde de Paredes de Coura

Paredes de Coura
14 de Junho de 2001


Quero, antes de mais, felicitar a população de Paredes de Coura pelo seu novo Centro de Saúde, que se traduz, seguramente, em mais qualidade neste serviço público.

E quero, também, cumprimentar todas as entidades que contribuíram para este excelente resultado.

Nesta ocasião permitam-me que partilhe convosco quatro breves reflexões.

A primeira é sobre o envolvimento das autarquias no nosso sistema de saúde. Os problemas centrais do sistema de saúde situam-se não só na sua organização, mas também na sua relação com os cidadãos. É necessário que se estimule uma cultura de maior proximidade dos cidadãos e que os modelos de organização se desenhem em função das suas efectivas necessidades. Por isso, para além de outros mecanismos de acompanhamento e de representação, a intervenção das autarquias pode ser determinante para uma ligação mais consistente com as unidades de saúde. As autarquias possuem um conhecimento muito próximo e preciso das realidades locais. É desejável que contribuam para soluções de maior efectividade num sector onde, cada vez mais, é necessário acrescentar racionalidade às escolhas e às preferências dos cidadãos.

A descentralização e a desconcentração devem constituir um dos pilares da política de saúde, de forma a maximizar a utilidade social do sistema de saúde. A distribuição das responsabilidades entre os diversos níveis de decisão deve permitir uma mais justa e eficiente dotação de recursos nas diversas regiões. É urgente passar as decisões e a execução para os níveis de administração mais próximos dos problemas.

Em segundo lugar, ao inaugurar estas instalações, pretendo dar corpo à prioridade a atribuir ao centro de saúde como ponto de entrada do cidadão no sistema, de uma forma personalizada e continuada. É por esta via, de maior investimento no médico de família e no centro de saúde, que conseguiremos facilitar o acesso aos cuidados e promover a equidade do sistema. E quando falo de acesso refiro-me, naturalmente, à realização de consultas e de actividades de promoção da saúde e de prevenção da doença, mas ainda de um leque muito amplo de serviços para satisfazer necessidades de populações cada vez mais informadas e exigentes.

Desejo um envolvimento, ainda maior, dos centros de saúde nas campanhas de prevenção da toxicodependência e da SIDA, uma maior proximidade em relação á escola, de maneira a permitir, de forma articulada, melhores resultados em saúde.

Mas o desenvolvimento do nosso sistema de saúde exige recursos humanos acrescidos, em especial das profissões tecnicamente mais diferenciadas. O ritmo de formação é ainda demasiado lento, apesar dos esforços já realizados com a criação de novas escolas e o aumento do número de alunos nas já existentes. É necessário dar resposta às actuais necessidades e àquelas que é possível planear seriamente.

Em terceiro lugar, o nosso sistema de saúde deve considerar o papel das instituições de solidariedade social, de que destaco, naturalmente, as misericórdias. Mais uma vez, o acesso à saúde deve apelar a todas as contribuições e à criação de redes que, de uma forma transparente, se completem, garantindo sem exclusões nem desigualdades o acesso aos cuidados de saúde.

Finalmente, o Serviço Nacional de Saúde deve promover a melhoria da relação dos seus profissionais com as instituições, num quadro de exercício profissional mais estimulante. A modernização da administração pública da saúde deve permitir uma melhoria do nível de confiança dos cidadãos com os serviços de saúde e dos profissionais com as suas instituições.

A minha profunda convicção é que estes valores são também os vossos e desejo que este Centro de Saúde constitua uma excelente demonstração daquilo que os Portugueses esperam de nós.