Discurso do Presidente da República por ocasião da Cerimónia de Entrega do Grande Prémio do Romance e Novela da APE a Maria Velho da Costa

Tróia
21 de Julho de 2001


Aqui estamos de novo em Tróia, cumprindo este pequeno ritual de Verão, para entregar o prestigiado Grande Prémio do Romance e Novela da APE a Maria Velho da Costa.

Começo por saudar a Associação Portuguesa de Escritores e o seu Presidente, o meu querido e já velho amigo José Manuel Mendes, que, com a sua acção pontual, eficaz, discreta e o seu jeito especial para “compôr as coisas”, vem trabalhando incansavelmente para o prestígio dos escritores e do ofício da escrita. Felicito também o Júri do Prémio pela felicidade da escolha e a sua porta-voz, a Prof. Yvette Centeno, que, com a inteligência, a sensibilidade e a cultura que a distinguem, falou tão belamente do livro premiado, “Irene ou o Contrato Social”, e dos ideais que devem inspirar a nossa acção cívica.

Dirijo-me agora a Maria Velho da Costa. Dirijo-me à amiga, que tanto estimo e cujas qualidades pessoais de integridade, coerência e dignidade muito aprecio. Dirijo-me à cidadã corajosa, que deu sempre mostras de uma exigente consciência cívica, que foi pioneira no combate pelos direitos da mulher, que lutou pela liberdade e pela justiça em tempo difícil, fazendo-o com lucidez, determinação e desassombro.

Dirijo-me, finalmente, à grande escritora que, com livros de uma rara beleza formal e de uma eficácia narrativa extraordinária alargou os horizontes da nossa literatura e abriu caminhos às novas gerações. Ao longo da sua carreira literária, Maria Velho da Costa renovou a nossa língua e as formas do romance, acrescentou a nossa cultura com novos temas e novas maneiras de olhar os velhos temas.

Para além disso, a autora Casas Pardas tem mantido uma intervenção que deve ser realçada quer como antiga Presidente da APE, quer no exercício de funções públicas, nos domínios da língua e da cultura.

Quero, neste momento tão grato, manifestar-lhe, em nome de Portugal, reconhecimento e admiração. A sua obra, pela solidez, pela seriedade, pelo rigor, pela criatividade linguística é uma das referências literárias do nosso tempo.

Muitos parabéns, Maria Velho da Costa. Esperamos o próximo livro.