Discurso do Presidente da República por ocasião da Inauguração do Museu Municipal de Tapeçarias de Portalegre

Portalegre
14 de Julho de 2001


Senhor Ministro da Cultura
Senhor Secretário de Estado do Desenvolvimento Rural
Senhor Presidente da Câmara Municipal de Portalegre
Senhores Deputados
Senhor Bispo de Portalegre e Castelo Branco
Minhas Senhoras e Meus Senhores


Sendo a Tapeçaria de Portalegre considerada uma das produções artísticas de excelência e um dos ex-libris de Portugal e da nossa cultura, bastaria este facto para aceitar presidir à inauguração deste Museu.

Durante o meu anterior mandato tive a oportunidade de, no âmbito da visita de Estado a Espanha, patrocinar em Barcelona uma belíssima exposição dedicada às Tapeçarias de Portalegre, que foi acolhida com o maior êxito.

A minha presença hoje aqui é pois mais um testemunho e apreço por esta arte e por todos aqueles que ao longo do tempo, a criaram, desenvolveram e divulgaram. Foi nesta cidade, de Portalegre, que nasceu a Tapeçaria portuguesa moderna, graças ao talento, à sensibilidade e ao aturado labor de Manuel do Carmo Peixeiro, o criador da Tapeçaria portalegrense e do seu ponto original, valendo-se de um grande espírito inventivo e dos profundos conhecimentos técnicos que adquiriu ao longo da sua vida.

Nos anos 40, Manuel do Carmo Peixeiro aliou a sua criatividade e conhecimentos à iniciativa de Guy Fino que foi nas palavras tão justas de Manuel Peixeiro, “a alma da expansão e prestígio da nova Manufactura de Arte”. Estes homens souberam interessar e associar ao que queriam fazer numerosos artistas portugueses e estrangeiros, da mais alta qualidade, que entre as suas obras passaram a contar com admiráveis cartões para tapeçaria.

Assim se foi consolidando a Arte da Tapeçaria Moderna Portuguesa, que em poucos anos soube afirmar-se e colher os maiores elogios de reputados especialistas portugueses e estrangeiros, como o mestre Jean Luçart, entre outros.

A iniciativa que teve a Câmara Municipal de Portalegre, de construir este museu representa um valioso serviço à cidade e ao País e contribuirá para um ainda maior conhecimento de uma manufactura que tanto tem prestigiado a cultura portuguesa. Ao percorrermos este museu apreciamos a extraordinária colecção apresentada e temos presente o trabalho das qualificadas tecedeiras que com a perícia das suas mãos deram vida a este projecto. A estes anónimos trabalhadores também quero expressar o meu apreço e admiração.

Portalegre, cidade de tantas tradições culturais, onde nasceram Manuel d’Assumpção, José Duro e onde viveu José Régio, com este espaço cultural que todos pretendemos aberto e dinâmico dá um importante passo no seu desenvolvimento cultural e integra o roteiro das cidades com museus que é indispensável visitar.

Felicito todos aqueles que tornaram possível esta obra, saudando o Arquitecto Sequeira Mendes que fez uma excelente recuperação do edifício. O Museu que acabamos de inaugurar reúne as condições para se tornar num centro de difusão e conhecimento de uma arte que deverá continuar a desenvolver-se, com visão e sentido de futuro. Neste sentido, gostaria de novamente testemunhar o meu reconhecimento à Câmara de Portalegre e à Manufactura de Tapeçarias de Portalegre, que tem assumido a responsabilidade de manter viva uma arte ímpar, de que todos nos devemos orgulhar.