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Discurso do Presidente da República por ocasião do Jantar em Honra do Primeiro Mandatário da Venezuela, Hugo Chávez Frias
Palácio da Ajuda
Senhor Primeiro Mandatário
Minhas senhoras e meus senhores
Na ultima década, em boa medida graças às cimeiras Ibero-americanas, mas também no âmbito dos contactos entre a União Europeia e a América Latina, sem esquecer o plano bilateral, têm-se estreitado os contactos entre responsáveis dos nossos dois países. É importante agora que esse impulso dado ao desenvolvimento das relações políticas se alargue ao foro económico e comercial. Saúdo, por isso, a presença entre nós da comitiva empresarial que acompanha Vossa Excelência. Vivem na Venezuela quatro centenas de milhar de portugueses e luso-descendentes que contribuem, com o seu trabalho e espírito de iniciativa, para o desenvolvimento do seu país de adopção. Esses portugueses e luso descendentes — alguns dos quais, verifico com orgulho, fazem parte da comitiva que acompanha Vossa Excelência — constituem um importante elo de ligação entre nós e uma excelente base para desenvolvermos as nossas relações. Estou seguro que a visita de Vossa Excelência contribuirá para esse fim. Senhor Primeiro Mandatário Os atentados de 11 de Setembro precipitaram o mundo numa crise grave, que exigirá, para ser debelada, uma grande determinação, visão e unidade de esforços da parte da Comunidade Internacional. É essencial, neste momento, que todos os Estados que estão do lado do direito internacional, da democracia e dos direitos humanos, que prezam a liberdade e praticam a tolerância, ergam as suas vozes e manifestem o seu repúdio pelo terrorismo. É essencial que todos colaborem na luta contra este flagelo — na esfera jurídica, de segurança, financeira, entre outras. Esta luta a todos diz respeito e não podemos esperar, nem supôr, que a acção militar conduzida pelos Estados Unidos e a Grã Bretanha— com a qual Portugal está plenamente solidário — seja, só por si, suficiente. O consenso internacional que se gerou depois do 11 de Setembro deve ser preservado e reforçado — e gerido de modo a afirmar o primado do direito internacional e a respaldar a autoridade das Nações Unidas. Faço também votos e empenhar-me-ei para que esse consenso possa ser aproveitado para dar um passo em frente na organização da vida internacional, de modo a reforçar a governabilidade, promover uma distribuição mais justa de riqueza e dar a todos uma oportunidade para colher os benefícios da globalização. A preocupação com a segurança, crescente após os ataques terroristas do 11 de Setembro, não deve levar à marginalização dos temas económicos e sociais. No corrente ano, muitas vozes se levantaram contra o fenómeno da globalização. Pela minha parte, considero que a globalização é um processo imparável, que comporta riscos e oportunidades. Compete a cada Governo saber aproveitar o que a globalização traz de bom e prevenir os aspectos negativos que comporta. Penso, todavia, que a Comunidade Internacional no seu conjunto teria a ganhar com uma maior regulação da vida internacional, designadamente no plano económico e financeiro. O mercado é o principio organizativo fundamental da actividade económica mas não é um valor em si mesmo nem um mecanismo infalível, que possa dispensar um enquadramento legal e uma acção correctiva de eventuais distorções. Isto, que há muito foi aceite como válido no plano nacional, aplica-se também no plano internacional. Como membro da União Europeia, Portugal sempre defendeu a importancia dos processos de integração regional face à globalização, bem como a necessidade de forjar parcerias entre espaços regionais. Quero por isso reiterar o interesse de Portugal no reforço das relações entre a União Europeia e a América Latina, relações cuja expansão nos ultimos anos muito deve ao facto de assentarem, para bem dos nossos povos, em valores partilhados que, agora mais do que nunca, importa preservar: a democracia representativa, o respeito pelas liberdades e pelos direitos humanos, a economia de mercado. Senhor Primeiro Mandatário Temos hoje consciência de que a riqueza de um país depende mais da sua capacidade de organização, trabalho, qualificação e iniciativa do que dos recursos naturais ao seu dispôr. Sabemos também que a capacidade para promover o desenvolvimento sustentado está ligada a vitalidade da democracia, Esses são os desafios com que se confrontam todos aqueles que lutam pelo progresso económico e social. Sob a orientação de Vossa Excelência, a Venezuela procura encontrar o caminho que lhe permita consolidar a democracia, aperfeiçoar as instituições, modernizar a economia e aumentar a justiça social. Acompanhamos com interesse esse esforço, fazendo votos para que seja bem sucedido. Peço assim a todos os presentes que se juntem a mim num brinde pela saúde do Presidente Hugo Chavez, pela prosperidade do povo venezuelano e pelo desenvolvimento das relações bilaterais entre os nossos dois países.
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