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Declaração sobre a Promulgação da Lei da Programação Militar
Palácio de Belém
A Assembleia da República aprovou, recentemente, a Lei de Programação Militar, que decidi promulgar. A propósito da promulgação dessa lei, têm-se multiplicado declarações públicas em que o Presidente da República é acusado de ter violado a Constituição.
Esta acusação atinge a minha honra e pretende pôr em causa o compromisso solene que tenho com os Portugueses naquilo que há, para mim, de mais sagrado. Trata-se da confiança em que o seu Presidente da República cumpre a Constituição e é o garante imparcial do regular funcionamento das instituições. Posso garantir aos Portugueses que não pratiquei qualquer inconstitucionalidade. Agi, como sempre, em consciência, de boa fé, e no respeito pela Constituição, que jurei defender. A Lei de Programação Militar foi regularmente aprovada pela Assembleia da República e regularmente promulgada pelo Presidente da República. De facto, e tal como o Presidente da Assembleia da República então me garantiu por escrito, existe, de há muito, uma prática parlamentar, criada e aceite por todos os grupos parlamentares, de que, na votação das leis, se nenhum Deputado requerer a contagem dos votos, o que vale é a declaração de aprovação ou não aprovação, proferida pela Mesa. Foi exactamente o que se passou com a aprovação desta Lei; e assim foi, formalmente, comunicado ao Presidente da República.
Já após a divulgação pública de referências quanto à inconstitucionalidade da Lei, e de carta em que tal eventualidade me foi referida, nenhum deputado, de nenhum partido, levantou quaisquer objecções à aprovação final, por unanimidade, da acta em que se registou a presença dos deputados constitucionalmente exigidos e se considerou a lei devidamente aprovada.
Não pode romper-se, sem qualquer aviso prévio, um consenso de décadas; e depois, pretender responsabilizar o Presidente da República por ter confiado em tal consenso.
A crítica e o controlo recíproco entre os vários órgãos de exercício do poder político são bem-vindos e são indispensáveis à vitalidade do sistema democrático. O que não pode é confundir-se isso com a instauração de um clima de suspeição e conflito artificial entre as instituições. Com isso, evidentemente, não pactuarei. Palácio de Belém, 5 de Novembro de 2001 |