Discurso do Presidente da República por ocasião da Visita às Instalações do Banco de Portugal e da Valora

Carregado
29 de Novembro de 2001


Senhor Governador e restantes Membros do Conselho de Administração do Banco de Portugal
Senhor Presidente da Comissão Nacional do EURO
Senhores Presidente e Administrador da Imprensa Nacional Casa da Moeda
Senhor Presidente da Valora
Senhoras e Senhores Jornalistas
Minhas Senhoras e Meus Senhores


Faltam 32 dias para a entrada em circulação do EURO. Temos, portanto, um mês para completar a nossa preparação para, a partir de 1 de Janeiro vivermos com uma nova moeda.
Ouvi aqui as mais recentes informações sobre o nosso processo de preparação para a entrada do EURO em circulação.

O Banco de Portugal, a Casa da Moeda, a Comissão Nacional do EURO, cujos máximos representantes aqui reuniram comigo reforçaram a minha confiança e o meu optimismo. Devo felicitá-los, desde já, pelo excelente trabalho desenvolvido pelas suas instituições e outras entidades que com elas trabalham neste gigantesco processo.

De igual modo devo saudar os órgãos de comunicação social e, através dos jornalistas aqui presentes, agradecer-lhes o seu contributo para a divulgação do EURO e o esclarecimento dos portugueses.

A partir do próximo dia de Ano Novo, o EURO será, assim, uma realidade quotidiana, visível e palpável para nós portugueses, e para mais de 300 milhões de cidadãos, em doze países europeus.

O escudo serviu como moeda nacional durante quase 90 anos e é natural que possamos sentir estranheza, enquanto não nos familiarizarmos com o EURO. Mas não há razão para saudosismos, sentimentalismos ou receios. Devemos aceitar bem a substituição do escudo pelo EURO e confiar na nossa nova moeda. O EURO, servirá Portugal e representa, no plano simbólico, a nossa pertença à Europa e a nossa vontade de reforçarmos o processo de construção europeia.

As vantagens do EURO começaram logo na fase de preparação da economia portuguesa para a moeda única. Saliento , a título de exemplo, as descidas da inflação e das taxas de juro que facilitaram o
acesso ao crédito. Com o nascimento do EURO, desapareceu o risco cambial e acabaram os movimentos especulativos no interior da Zona EURO, o que favorece o desenvolvimento do comércio e do investimento internacionais e o bom funcionamento das economias. A economia portuguesa que, no passado, conheceu e sofreu os custos da instabilidade cambial, pode agora apreciar bem o valor da eliminação desse risco no interior da Zona EURO, onde se realiza a maior parte das transacções económicas e financeiras entre Portugal e o exterior. Nesta perspectiva, o EURO também foi e é uma boa "apólice de seguro" para a economia portuguesa.

Além disso, sendo o EURO uma moeda internacional comum, também poderemos facilmente comparar os preços dos bens e serviços nos Estados-membros da Zona EURO, uma vez que todos estarão denominados na mesma unidade monetária. O EURO contribuirá assim para a maior transparência dos preços e, por esta via, para o aumento da concorrência no comércio dos bens internacionalmente transaccionáveis, o que também deverá reverter em benefício para os consumidores.

Atrevo-me a referir o que é conhecido, pois acho necessário salientar algumas vantagens do EURO. Penso que, quanto mais os portugueses reconhecerem os benefícios da nossa nova moeda internacional, mais entusiasticamente a aceitarão e mais tranquilamente se processará a substituição integral do escudo pelo EURO.

Essa substituição é uma tarefa complexa que vem sendo cuidadosamente preparada e executada há já algum tempo, tanto na parte relativa à logística da produção e distribuição de notas e moedas, como na parte respeitante à sensibilização, informação e esclarecimento das pessoas e das empresas.

As informações disponíveis sobre o estado da nossa preparação comparam bem com a dos outros países europeus. Temos, pois, razões para confiar que as coisas vão correr bem. No entanto, numa operação desta dimensão e natureza, devemos contar sempre com algumas dificuldades ou inconvenientes temporários. Essas dificuldades serão mais sentidas enquanto não passarmos o período de dupla circulação e entrarmos na fase de exclusividade do EURO.

Assim, relativamente à conversão dos preços de escudos para EUROS há, como é sabido, alguma apreensão sobre a possibilidade de a mesma poder originar algumas ligeiras subidas de preços, a pretexto da fixação de preços psicológicos ou de preços redondos em EUROS. Confio na responsabilidade social dos comerciantes, na vigilância dos consumidores e na fiscalização das autoridades públicas para que não se verifiquem abusos ou aproveitamentos.

A cerca de um mês da entrada em circulação do EURO gostaria de deixar quatro breves mensagens:

Primeira: A informação sobre o EURO não é apenas uma obrigação das autoridades públicas, mas sim uma responsabilidade de todos, razão por que apelo aos portugueses para que se informem e se preparem, atempadamente, para que a transição para o EURO decorra com a normalidade esperada e a adaptação à nova moeda se faça sem dificuldades de maior;

Segunda: Os portugueses devem desejar, confiar e aceitar bem o EURO, não havendo razões para reticências, receios ou inquietações no que respeita à substituição do escudo pelo EURO.

Terceira mensagem: O EURO, criado para permitir à Europa preparar melhor o seu futuro, facilita e melhora a vida dos europeus que, livre e voluntariamente, aderiram ao projecto, entre os quais nos orgulhamos de estar desde o início. Já beneficiámos e continuaremos a beneficiar com o EURO.

Quarta mensagem que daqui quero deixar: As notas e moedas de EURO que dentro de 32 dias serão o meio de pagamento dos portugueses e de mais onze povos europeus, serão também um símbolo da identidade europeia e, como esperamos, um catalisador do aprofundamento da integração europeia.

Partilhar voluntariamente uma moeda comum é também uma manifestação concreta da vontade de partilhar um futuro comum com outros povos europeus. A esta luz, o EURO é mais do que uma simples moeda. O próximo dia 1 de Janeiro de 2002 representará, sem dúvida, um acontecimento económico e político da maior importância para o futuro da Europa e de Portugal.

Estamos orgulhosos por termos conseguido chegar aonde chegámos. Estamos confiantes de que venceremos as dificuldades e avançaremos no sentido da unidade europeia. Portugal está de corpo inteiro nesse combate pelo nosso futuro e pelo futuro da Europa.