Mensagem do Presidente da República de apelo ao voto nas Eleições Legislativas do dia 17 de Março de 2002

Palácio de Belém
16 de Março de 2002


Boa Noite,

Amanhã é dia de eleições. Vamos, com o nosso voto, eleger os deputados que nos representarão durante os próximos quatro anos. E desta eleição dependerá também o governo de Portugal, cujo Primeiro-Ministro me compete nomear, nos termos da Constituição da República, tendo em conta os resultados eleitorais.

Neste dia dedicado à reflexão, dirijo-me aos portugueses, a todos os portugueses, para apelar ao vosso voto, para apelar ao voto de cada um de vós.

Votar é um direito e é um dever cívico, é participar na formação da vontade colectiva e é decidir o futuro. Votar é avaliar as propostas e os programas apresentados, é escolher os candidatos e os partidos em confronto. Votar é dizer o que cada um de nós pensa e o que cada um de nós quer para Portugal.

A democracia é o regime do povo, pelo povo e para o povo. É o regime do aperfeiçoamento gradual, constante e incessante. Da exigência e da responsabilidade cívica. A democracia deve procurar sempre as formas de se renovar, de se modernizar, de revitalizar os seus valores. O voto é um momento fundamental da democracia representativa, a fonte essencial e insubstituível que renova a sua legitimidade e o seu vigor, afirmando a confiança dos cidadãos nas instituições políticas da República.

Para os portugueses mais jovens – aqueles que constituem o que tenho chamado a “geração da Liberdade” – a democracia e a liberdade são naturais como o ar que se respira. E ainda bem que assim é. Mas nem sempre assim foi.

Durante muitas décadas, os portugueses estiveram privados de votar livremente. Esses longos anos foram responsáveis pelo nosso atraso e pelo nosso isolamento. Com o 25 de Abril, reconquistámos o direito de votar em liberdade. Desde então, há que reconhecer ter o país mudado radicalmente.

Pudemos avançar no sentido do desenvolvimento económico e da melhoria das condições de vida dos portugueses; integrámos o núcleo central da Europa, construindo uma sociedade aberta, que dá horizontes de esperança às novas gerações. É nesse caminho que temos de prosseguir.

Neste momento, quero reiterar a minha confiança na nossa democracia pluralista e no futuro do nosso país. Não ignoro os problemas e as dificuldades. Sei, porém, que, em democracia, há sempre capacidade e energia para encontrar soluções, para mobilizar os cidadãos, para criar novos dinamismos, novas causas e novos estímulos.

Quaisquer que sejam os resultados da escolha de amanhã, os portugueses sabem que, como garante que sou do regular funcionamento das instituições, continuarão a contar com a minha isenção, com o meu empenhamento na procura das soluções sólidas que melhor sirvam o interesse nacional, com a minha exigência, com a minha autoridade constitucional.

Com o nosso voto, vamos eleger a nova Assembleia da República, com base na qual se formará o futuro Governo do País. Escolhamos em consciência e responsabilidade. Com convicção e confiança. Votar, como vos disse, é dizer o que queremos para Portugal. E é dizer que acreditamos no nosso futuro de País e de Povo.

Vamos votar amanhã.

Boa Noite.