Discurso do Presidente da República por ocasião da Sessão de Encerramento da II Convenção por Timor Leste "Cooperação: experiências e futuro"

Lisboa
20 de Abril de 2002


Senhor Ministro dos Negócios Estrangeiros de Timor-Leste
Senhor Comissário para o Apoio à Transição em Timor-Leste
Senhora Presidente da Mesa da Assembleia Geral da CDPM
Minhas senhoras e meus senhores

Quero começar por agradecer o convite, muito amável, que me foi dirigido pela Dra. Luisa Teotónio Pereira, em nome do CDPM, para participar nesta II Convenção por Timor-Leste.

O CDPM e a Dra. Luisa Teotónio Pereira, pela sua dedicação sem falhas à causa timorense, tornaram-se sinónimos da solidariedade entre os Portugueses e os Timorenses. Essa extraordinária solidariedade, que honra o nome de Portugal, foi muito importante para a luta de Timor-Leste pela liberdade e pela autodeterminação, desde os piores anos da repressão e do isolamento, nos momentos críticos do referendum de Agosto de 1999 e, agora, na construção do novo Estado.

Quero também prestar pública homenagem ao Padre Vitor Melicias e ao Comissariado para o Apoio à Transição em Timor-Leste, a quem devemos muito do sucesso do nosso compromisso de garantir um caminho pacifico para a independência de Timor. A sua intervenção notável revelou excepcionais qualidades de determinação e imaginação na cooperação entre Portugal e Timor-Leste, bem como demonstrou uma capacidade singular de motivar e organizar, a todos os niveis, inúmeros actos de solidariedade, tão importantes para a paz e o desenvolvimento de Timor-Leste.

Last, but not least, quero dirigir uma saudação especial ao Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros de Timor-Leste, dr. José Ramos Horta, e através dele a todos os Timorenses. A sua luta incessante pelos direitos de Timor-Leste tornaram-no merecedor da nossa admiração e do nosso reconhecimento. A resistência dos Timorenses, que tão bem representou, tornou-se uma lição de heroísmo e de coragem para todos os Portugueses.

No próximo dia 20 de Maio, daqui a um mês, será proclamada a independência de Timor-Leste. É o fim de uma longa caminhada e o principio de um novo ciclo exaltante, em que a paz e a liberdade são penhor do futuro do novo Estado.

Quero, desde já, exprimir o compromisso solene de Portugal, que continuará a apoiar, no limite das suas possibilidades, os Timorenses e a República de Timor-Leste.

Muitos pensaram - e temeram - que a pacificação de Timor-Leste traria consigo um declínio do interesse e da solidariedade dos Portugueses, depois dos dias únicos de mobilização nacional em Setembro de 1999, quando a vingança dos derrotados se abateu, brutalmente, sobre os Timorenses.

Não foi assim. Passados mais de dois anos, em que a paz e a segurança regressaram, finalmente, a terra martirizada de Timor-Leste, o percurso democrático dos Timorenses para a independência soube manter vivo o interesse da opinião pública portuguesa. Pela minha parte, estou certo que a próxima etapa de construção do Estado, num quadro constitucional de pluralismo e de liberdade, continuará a contar com o envolvimento e a solidariedade dos Portugueses.

A realização desta Convenção, em boa hora convocada pelo CDPM, confirma essa minha certeza. Existe já uma nova geração empenhada nas exigentes tarefas do desenvolvimento político, económico e social de Timor-Leste. Estão aqui os novos quadros da solidariedade - professores, militares, médicos, economistas, juristas, policias, cooperantes - que cumpriram, estão a cumprir, ou vão cumprir as suas missões em Timor-Leste, integrados em acções bilaterais ou multilaterais, em programas governamentais ou em organizações não-governamentais.

Quero, para terminar, saudar todos, os que estão aqui connosco e os que estão em Timor-Leste. Representam o melhor de Portugal, o espirito de generosidade, a vontade de sonhar e a força das convicções dos Portugueses.

Muito obrigado.