Discurso do Presidente da República por ocasião da Adesão da República Democrática de Timor Leste à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa

Brasília
31 de Julho de 2002


Senhores Presidentes
Senhores Primeiro-Ministros
Senhores Ministros
Minhas Senhoras e meus Senhores

Acolhemos hoje a República Democrática de Timor Leste como oitavo Estado membro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.

A adesão de Timor Leste à CPLP constitui o culminar natural de um longo processo, marcado pelo afecto, pela solidariedade e por um forte sentimento de pertença a uma família comum.

A nossa Comunidade acompanhou e defendeu, desde o seu primeiro momento, a causa heróica do povo timorense, partilhando o seu sofrimento e vivendo, como suas, as angústias e as vicissitudes de um percurso difícil e conturbado, na luta pela liberdade e pela independência.

Desde a Conferência de Chefes de Estado e de Governo da Praia, em 1998, que Timor Leste, na qualidade de Observador convidado, participa, empenhadamente, nas diversas instâncias da CPLP.

A Comunidade, por seu lado, acompanhou todos os actos eleitorais realizados em Timor Leste, desde o referendo de 1999, até às eleições para a Assembleia Constituinte e às eleições presidenciais de Abril último.

Participámos, com particular emoção, nas celebrações da Independência, momento único e altamente simbólico, de balanço, reconciliação e confiança no futuro.

É pois com um sentimento feito de orgulho e satisfação que formalmente recebemos no seio da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa o Estado independente de Timor Leste. Sentimento que é ainda reforçado pelo facto de sabermos que os responsáveis políticos timorenses fizeram questão em que a CPLP fosse a primeira organização multilateral a ser integrada pelo novo Estado.

A adesão de Timor Leste à CPLP honra e enriquece a nossa Comunidade, reforçando a sua diversidade e conferindo uma nova projecção à Língua Portuguesa, nossa matriz comum.

A opção estratégica de consagração do português como língua oficial do novo país, a par do tétum, correspondendo a uma decisão soberana, se, por um lado, constituiu uma escolha natural e um importantíssimo gesto de afirmação da identidade nacional própria de Timor Leste, traduzir-se-á, nos próximos anos num exigente desafio para os timorenses.

O povo de Timor Leste sabe poder contar com a nossa solidariedade e o nosso empenho nesse esforço inicial, tão importante para a consolidação e a afirmação do novo Estado na região em que se insere. Encorajo todos os Estados membros da CPLP a associarem-se a essa grande aposta comum, participando activamente nos projectos de ensino e promoção da Língua Portuguesa em Timor Leste, incluindo os meios modernos de comunicação, como a rádio e a televisão. Ao vencermos, estou seguro, estaremos também a fortalecer a nossa Comunidade.

Mas também nos domínios da concertação política e diplomática sabem os timorenses poder contar com a atenta solidariedade da CPLP, alicerçada numa relação de confiança e respeito mútuo, que se tem vindo a consolidar ao longo dos anos. Os próximos tempos serão de grande exigência para o novo Estado, exigência à qual, no entanto, as autoridades timorenses, com a sabedoria e sentido de responsabilidade que as caracterizam, saberão certamente fazer frente.

Termino, dirigindo as mais calorosas saudações de boas vindas ao Presidente Xanana Gusmão, a quem, como mais alto representante da Nação timorense, desejo uma profícua e enriquecedora participação na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.