Discurso do Presidente da República por ocasião da Sessão Solene no Salão Nobre do Edifício dos Paços do Concelho de Marvão

Marvão
07 de Setembro de 2002


Senhor Presidente da Câmara Municipal de Marvão
Senhor Presidente da Assembleia Municipal de Marvão
Minhas Senhoras e Meus Senhores
Caríssimos Marvanenses


Desde a minha entrada nesta vila tive a oportunidade de ouvir e acompanhar a evolução e diferentes etapas por que passou o processo de candidatura de Marvão a Património Mundial.

Neste encontro singular entre a natureza e as arquitecturas de diferentes épocas, temos a perfeita consciência da necessidade de preservação das suas características únicas, nas quais se fundam as linhas gerais deste processo de valorização global do património, da sua revitalização e da reutilização de espaços. A Marvão de hoje já não é o palco de guerras, um refúgio na defesa fronteiriça ou um local estratégico do ponto de vista militar.

As perspectivas que se oferecem hoje a este concelho, conforme tivemos oportunidade de ver, na apresentação que foi feita nesta sessão, resultam sobretudo do desejo de promover todas as potencialidades deste conjunto monumental que nas suas muralhas contém arquitectura militar, religiosa, um aglomerado urbano e um soberbo conjunto excelentemente preservado que não sofreu alterações substanciais que o tenham descaracterizado.

É certo que para isso contribuiu a sua peculiar implantação no alto do afloramento rochoso que impediu a sua expansão para o extra-muros o que a torna também um caso singular em Portugal e, por isso mesmo, urge garantir a sua preservação e utilização nas melhores condições.

O movimento criado com a candidatura de Marvão a Património Mundial é uma oportunidade a não perder e uma ocasião decisiva para o desenvolvimento não só desta vila e do concelho, mas de todo o conjunto do distrito e da região onde se insere.

É cada vez mais notório que o desenvolvimento passa por uma mais correcta utilização e fruição dos recursos patrimoniais, humanos e naturais de uma forma sustentada. A vida económica será certamente beneficiada com os investimentos feitos na dinamização do património cultural.

A candidatura de Marvão é mais um incentivo e um valor acrescentado para esta região de Turismo, onde não faltam motivos de interesse, valores culturais e paisagísticos, gastronomia e muitos produtos de excelência, certificados e com denominação de origem. Neste mesmo Concelho tive hoje ocasião de assistir, à promoção dos excelentes vinhos da Adega Cooperativa de Portalegre. Não basta apenas saber criar e manter os bons produtos, é cada vez mais necessário apostar na promoção, na divulgação e na competitividade dos mesmos.

Todo o trabalho realizado e projectado no âmbito desta candidatura trará as maiores vantagens à dinamização da Vila de Marvão e do seu património natural, cultural e humano.

Desejo que o Plano de Acção e a Candidatura a Património Mundial possam continuar a valorizar este conjunto único, sem despovoar e descaracterizar esta jóia de Portugal. Sei que tem sido esta uma das principais preocupações da Câmara de Marvão e um dos temas que serão debatidos, no próximo mês, durante o Fórum Marvão. É muito importante que este processo seja aberto à discussão e possa receber o maior número de contributos.

Quero felicitar o Senhor Presidente da Câmara, Coordenador-Geral, o Prof. Domingos Bucho, Coordenador Técnico-Científico e todos os membros das Comissões de Candidatura, Consultiva e de Acompanhamento que com grande dedicação têm colaborado para que se chegasse a este ponto.