Discurso de SEXA PR por ocasião da Sessão de Encerramento do Seminário Económico - Luso Helénico (versão em português)

Atenas
02 de Dezembro de 2002


Senhores Membros do Governo Grego e Português,
Senhores empresários,

É com muito agrado que procedo ao encerramento deste Seminário Económico que reuniu empresários Portugueses e Gregos em torno do tema dos desafios económicos e das novas oportunidades que se abrem a Portugal e à Grécia numa Europa alargada.

Quero começar por saudar a presença de todos os participantes e exprimir a minha convicção da importância de iniciativas como esta para promover um melhor conhecimento recíproco de Portugal e da Grécia e para o desenvolvimento das relações económicas e comerciais entre os nossos países.

O interesse suscitado em Portugal pelas oportunidades de negócio que se abrem com a Grécia está bem expresso na importância da delegação que me acompanha nesta visita, não só pelo número de empresários portugueses aqui presentes — mais de cinquenta — como, sobretudo, pela respectiva qualidade. Desde a banca à construção civil, sectores onde existem já parcerias luso-gregas muito prometedoras, passando pelos produtos tradicionais, como os têxteis, o calçado ou as porcelanas, onde Portugal tem já reputação firmada neste mercado, até aos sectores de alta tecnologia, estão hoje aqui connosco alguns dos mais importantes empresários portugueses.

Com a minha presença aqui, bem como a dos Senhores Ministros da Economia e das Obras Públicas, quero significar que essa aposta dos empresários portugueses nas relações económicas entre os nossos dois países — que já são sólidas e prometedoras, mas têm ainda muito potencial para se desenvolverem — é acarinhada e estimulada pelas autoridades portuguesas.

Quero também agradecer a presença neste seminário de vários membros do Governo grego, bem como a adesão muito expressiva que teve por parte dos empresários do vosso belo país, com quem os empresários portugueses têm já agendados, a partir desta tarde, mais de 250 encontros bilaterais. Estou certo que desses contactos nascerão novas amizades e novas perspectivas de negócio para benefício mútuo dos nossos dois países.

Minhas senhoras e meus senhores

A última década foi um período de profundas e rápidas transformações que alteraram significativamente o modo de funcionamento das economias europeias.

A União Económica e Monetária (UEM) que culminou na circulação física do euro desde o início do corrente ano — moeda que orgulhosamente partilhamos —é hoje a base de sustentação e da força da economia europeia. Com o alargamento a dez novos Estados Membros, que deverá ocorrer em 2004, o mercado único europeu abarcará um universo de 500 milhões de consumidores. Um alargamento desta dimensão representa para a União Europeia um grande desafio, mas também uma grande oportunidade.

Portugal, tal como a Grécia, apoia o alargamento desde a primeira hora, sem prejuízo de algumas apreensões quanto ao seu impacto na economia portuguesa. São receios que devem ser tidos em conta, mas que não devem ser exagerados, nem fazer esquecer as oportunidades que o alargamento traz para a economia europeia no seu conjunto e das quais a Grécia e Portugal também irão, certamente, beneficiar.

Creio que o alargamento abre também novas possibilidades de cooperação entre as empresas gregas e portuguesas , cuja experiência em determinadas áreas — estou a pensar por exemplo no sector das obras públicas, ou da banca — poderá ser proveitosa para os países que dentro em breve se juntarão a nós na União Europeia. O mesmo é válido aliás, para países como a Turquia ou a própria Rússia e para a região dos Balcãs, áreas em relações às quais a Grécia está particularmente bem situada.

Tem havido recentemente, aliás, exemplos encorajadores das possibilidades de parcerias entre empresas gregas e portuguesas neste âmbito. É o caso, por exemplo, da parceria entre o Banco Comercial Português e o Novabank, já bem implantada neste mercado e que visa, proximamente, alargar a sua área de actuação à Turquia.

Aos empresários gregos quero lembrar-lhes que Portugal é hoje um país moderno e atractivo, dotado de boas infra-estruturas materiais e institucionais de apoio ao desenvolvimento económico e partilha com a Grécia todo o acervo comunitário da União Europeia, a melhor garantia de estabilidade política e económica que se pode oferecer aos investidores estrangeiros.

Embora Portugal seja principalmente conhecido pelos seus produtos tradicionais, gostaria de sublinhar que existem também sectores de alta tecnologia em que as empresas portuguesas têm demonstrado excelência e capacidade de inovação. A título de exemplo, gostaria por exemplo de referir a indústria de moldes, a telefonia móvel, o desenvolvimento de sistemas de portagens electrónicas nas auto-estradas, ou a grande panóplia de serviços ao dispor dos consumidores na área da banca electrónica.

Gostaria também de sublinhar a este propósito que, na última década, a economia portuguesa entrou num novo ciclo de internacionalização, que se traduz hoje em dia numa presença muito significativa das empresas portuguesas no Brasil, nos países africanos de expressão portuguesa e, em menor escala, em Espanha e no Maghreb.

O desenvolvimento das trocas económicas internacionais é um jogo de soma positiva, em que ambas as partes podem ganhar. Tanto no plano comercial, como no dos investimentos, os números das trocas entre os nossos dois países são ainda pouco expressivos. Por conseguinte, estou convicto que existe ainda uma grande margem para desenvolver o nosso relacionamento, de forma mutuamente proveitosa, não apenas no plano bilateral, mas também, como já referi, através de parcerias que podem constituir uma via de acesso a mercados mais vastos.

Por outro lado, o gigantesco esforço de investimento em infraestruturas que a Grécia e Portugal vêm fazendo, com especial relevo, no vosso caso, para as ligadas aos Jogos Olímpicos de 2004 e, no caso português, para as que se prendem com a realização de Campeonato Europeu de Futebol nesse mesmo ano, abre boas possibilidades de cooperação entre empresas dos nossos dois países dotadas de competência e experiência nos domínios do projecto e da realização de obras públicas, muitas das quais estão hoje aqui presentes.

Nestes, como noutros domínios, há que juntar esforços e, aproveitando o dinamismo dos empresários para quem a internacionalização e a globalização são oportunidades e não ameaças, encontrar as complementaridades que permitam o desenvolvimento das nossas relações, que o próprio equilíbrio na dimensão e no grau de desenvolvimento dos nossos países deverá estimular.

Minhas senhoras e meus senhores,

Termino com duas notas finais. A primeira, para exprimir o desejo de que Portugal e a Grécia, como países geograficamente periféricos e de menor dimensão económica e demográfica na União Europeia, possam defender no seio das instituições comunitárias os princípios da igualdade entre os Estados e da coesão económica e social, condições necessárias para um desenvolvimento solidário da União Europeia no seu conjunto, não apenas como um enorme mercado único, mas também como um grande espaço de cidadania e solidariedade.

A segunda para exprimir um voto de confiança nos empresários portugueses e gregos e a esperança que, nesta visita ou no seu seguimento, surjam novos contactos e novos negócios que permitam desenvolver, de forma equilibrada e mutuamente vantajosa, as relações económicas e comerciais entre os nossos países.