Discurso de SEXA PR por ocasião do lançamento da COTEC Portugal

Palácio Nacional da Ajuda
30 de Abril de 2003


Majestade
Senhor Primeiro Ministro
Senhores Ministros
Senhores Empresários
Minhas Senhoras e meus Senhores

A satisfação e esperança com que a muitos de vós me dirigi, no passado dia 27 de Novembro, encontram hoje aqui um motivo justificado para se renovarem.

A Comissão Instaladora da Associação cujo nascimento celebramos cumpriu a sua missão e, com a motivação e entusiasmo que, desde a primeira hora, puseram no lançamento da COTEC Portugal, os seus membros são bem merecedores do aplauso de todos os que aceitaram o desafio lançado.

Nasce a COTEC Portugal com uma missão de promoção e dinamização de iniciativas que contribuam para o salto necessário nas estratégias nacionais de inovação e desenvolvimento. A COTEC não vai fazer investigação, nem investir em desenvolvimento, nem aplicar inovações.

Pretende, simplesmente, e como os seus Estatutos claramente afirmam, dinamizar as relações entre componentes do sistema nacional de inovação, estimular e sensibilizar as empresas para a urgência de um investimento mais reprodutivo em investigação e desenvolvimento e fortalecer o relacionamento entre a produção de saberes, o conhecimento, e o tecido económico. Estas são condições essenciais para que o País possa ser mais produtivo e mais competitivo, aumentando assim a nossa capacidade de controlo sobre as escolhas do futuro.

Os objectivos são ambiciosos, mas é por isso que valem a pena. Para além da reflexão e da formulação estratégicas, a COTEC propõe-se pois sensibilizar as empresas - que estão no centro do processo da inovação - e os centros de ensino e investigação para a urgência e inevitabilidade de se simplificar e agilizar a ligação entre eles, através de modos operativos eficientes, que permitam um trânsito muito mais intenso de recursos humanos qualificados.

A melhoria da produtividade e o aumento da competitividade das empresas que actuam em Portugal é o objectivo último desta iniciativa. O único caminho para essa melhoria consiste em fazer da inovação o motor do crescimento.

Fazer de Portugal um País de inovadores e de inovação tem de constituir um grande desígnio nacional, um objectivo solidariamente partilhado entre as actuais gerações.

Foi para isso mesmo que quis chamar a atenção com as jornadas que levei a cabo sobre a Inovação. Como pude ver, temos sítios – nas escolas, nas empresas, em diversas instituições especializadas - onde se ensina, se forma e qualifica, se investiga e procura desenvolver com sucesso novos produtos, serviços e tecnologias. Temos casos de relações muito profícuas entre estes diversos mundos, aplicando em escala industrial inovações por cá geradas e partilhadas.

É hoje para todos claro que a inovação científica, tecnológica e organizacional, que influencia por seu turno a qualidade do investimento, é um elemento imprescindível do crescimento moderno.

A COTEC pretende agir como um catalisador. Não se substituirá a ninguém, apenas pretende motivar para a inovação como instrumento fundamental do desenvolvimento do País, contribuindo assim para a sua maior coesão económica e social. É isso que continuamente tenho defendido, procurando tornar mais óbvio e percebido esse objectivo a que esta associação concederá, estou certo, uma nova e desejável dimensão.

A definição de estratégias ambiciosas e a aposta na maior qualificação dos recursos humanos só poderão, porém, dar frutos se, para aglutinar capacidades de iniciativa e inovação, se reforçar também a ideia de parceria entre privados e destes com o público. A necessidade de um mais claro entendimento sobre os nossos desígnios estratégicos e sobre o reforço da nossa identidade no espaço europeu obriga a um esforço de todos, que permita partilhar riscos e salvaguardar a nossa autonomia; tal não se compadece com actuações individualistas e, tantas vezes, sem dimensão suficiente.

Ter a visão política de que as realidades económicas e sociais são cada vez mais complexas impõe, a todos, privados e público, abordagens integradas, com coordenações globais que anulem falsas e perniciosas independências.

As perspectivas de inovação passam necessariamente pela articulação dos sistemas científico, tecnológico, empresarial e financeiro, que condicionam e viabilizam estratégias empresariais e governamentais, tanto mais quanto a estrutura empresarial for caracterizada, como é o nosso caso, por pequenas e médias empresas.

O papel do Estado é certamente aqui decisivo. Porque é preciso conciliar necessidades, interesses, oportunidades, regulamentos, e isso exige concertação estratégica Estado-empresas. E porque, sendo a inovação um desígnio nacional, ela não pode ser abandonada à sorte do livre jogo do mercado. Ou seja, precisamos de um Estado regulador e orientador, que dê bons exemplos, que puxe pelo mercado, incentive a inovação e crie um ambiente que lhe seja propício.

Promover e fomentar a inovação representa aceitar um triplo desafio :
- para as empresas: a reforma da sua organização e logística, a criação de sistemas de apoio à decisão e a flexibilização da estrutura das operações ;
- para o mercado de capitais: a flexibilização da oferta de produtos e serviços à altura das oportunidades de negócios e da procura empresarial inovadora;
- finalmente, para as escolas: a reforma da organização e motivação da investigação aplicada, ao encontro das necessidades das empresas, da gestão e satisfação dos seus clientes, e das necessidades de assistência aos seus sistemas de direcção.

A COTEC Portugal vai agora iniciar o seu trabalho. A qualidade das empresas que a ela têm aderido e o nível dos seus dirigentes permitem-me esperar trabalho esclarecido e útil na prossecução dos objectivos estatutários.

Serei certamente um observador atento e interessado dos sucessos da COTEC Portugal. Mas ela é vossa, dos empresários que a criaram, e sereis vós os primeiros a sentir e a avaliar o resultado da sua actuação.


Majestade

É sempre para nós uma honra e um grato prazer acolher Vossa Majestade em Portugal, país que tão bem conhece e pelo qual nutre um verdadeiro carinho, como todos sabemos.

Ao saudar calorosamente o Rei de Espanha, quero reafirmar a minha confiança no relacionamento entre os nossos dois países e no esforço conjunto que temos de levar a cabo continuamente para procurar convergências, para acentuar a igualdade de oportunidades, para concertar políticas e para definir formas de cooperação e parcerias em áreas de interesse para os nossos dois Estados; enfim, para gerir harmoniosamente o conjunto de questões que a nossa própria vizinhança suscita, num quadro de confiança, de transparência e de franqueza recíprocas e consolidando um universo de relações proporcionais e equilibradas.

O desafio que lancei aos empresários portugueses inspirou-se, directamente, na experiência que, vai para uma década, nasceu em Espanha, sob o Alto Patrocínio do Rei Don Juan Carlos, e que mais recentemente se reproduziu em Itália.

Quero, assim, agradecer-lhe, Majestade, a sua imediata disponibilidade para participar hoje nesta cerimónia em que, no momento do arranque formal da COTEC-Portugal, se assinou o protocolo tripartido destinado a regular a troca de experiências e a estreitar a cooperação entre as três associações congéneres, abrindo caminho para a desejável constituição de uma COTEC-Europa.

A presença aqui hoje, em representação dos Governos de Itália e de Espanha, dos Ministros Lucio Stanca e Josep Piqué, que desejo igualmente saudar, mais sublinham a importância e o significado da criação de uma rede europeia de empresários empenhados na inovação e num constante desenvolvimento científico e tecnológico. Ganharão certamente, com esta aposta, as empresas e a economia dos países nela envolvidos. Mas ganhará também a Europa no seu conjunto, já que uma mais estreita articulação entre os seus centros de saber e o seu mais dinâmico tecido empresarial contribuirá para garantir o seu continuado progresso e a sua afirmação à escala mundial.

Saúdo também os senhores empresários de Espanha e Itália e os dirigentes das respectivas organizações, que aqui vieram hoje reforçar o significado do acontecimento, apadrinhando do mesmo passo o nascimento da COTEC Portugal.

A terminar, permitam-me uma palavra de reconhecimento público pelo trabalho que a Comissão Instaladora levou a cabo nesta sempre difícil fase de arranque. Aos Senhores Dr. Artur Santos Silva, Engº Belmiro de Azevedo, Dr. Francisco Murteira Nabo, Dr. António Carrapatoso e Dr. Filipe de Botton é devido o agradecimento pela forma empenhada e desinteressada com que puseram mãos à obra. E sei que vamos todos poder continuar a contar com eles para o mais difícil, que agora começa: a actuação da COTEC Portugal.

Muito obrigado