É um grande prazer iniciar esta viagem aos três países do mar Báltico nesta belíssima cidade de Tallin, na qual se cruzam tão diversas influências, que nos recordam a complexidade da história do nosso Continente.

Pretendo, com esta visita, a primeira de um Chefe de Estado português ao vosso país, iniciar um novo ciclo nas nossas relações. Agora que, dentro em breve, seremos parceiros na União Europeia e aliados na NATO, incumbe-nos realizar um esforço sério para as desenvolver, nos planos político, económico e cultural. Por isso me faço acompanhar de uma importante delegação, designadamente empresarial. Estou convicto de que, dos contactos aqui estabelecidos, nascerá uma nova dinâmica de aproximação entre os nosso dois países, traduzida num aumento das suas trocas a todos os níveis e num maior conhecimento recíproco.

Regozijo-me por estar presente entre vós num momento histórico — no ano em que a Estónia assinou os protocolos de adesão à União Europeia e à NATO, encontrando-se assim em vias de realizar os dois grandes objectivos da sua política externa desde que recuperou a independência. Trata-se, sem dúvida, de um resultado de enorme significado, que quero aqui saudar. Só foi possível alcançá-los graças à vontade, à crença e à determinação com que sucessivos governos do vosso país os perseguiram, contrariando o cepticismo e a reserva de muitos.

A experiência portuguesa diz-nos que a adesão a estas duas organizações é um poderoso factor de estabilidade e confiança. À Aliança Atlântica continua a pertencer o papel central na defesa da Europa, mas é a União Europeia que, cada vez mais, estrutura o espaço político do nosso continente.

Portugal sempre defendeu o alargamento. Não nos moveu o interesse egoísta, mas tão só a consciência de que seria profundamente injusto negar a oportunidade de participar na União a países europeus que, por um trágico acidente da história, ficaram arredados do processo de integração europeia. Estamos também convencidos que a Europa no seu conjunto terá a ganhar com o alargamento. Nestes tempos de crise económica, estou em crer que a adesão de dez novos países, que representam um conjunto de cerca de 135 milhões de pessoas, poderá contribuir para insuflar um novo espírito de confiança e de dinamismo nos investidores e nos consumidores, constituindo uma oportunidade particularmente bem vinda nestes tempos de crise para relançar o crescimento económico.

Reputamos indispensável que o alargamento seja acompanhado pelo progressivo aprofundamento do processo de integração europeia. A Estónia e Portugal, conjuntamente com muitos outros países da União, têm trabalhado em conjunto para procurar assegurar que a próxima reforma dos tratados, cujo nobre objectivo é dotar a União de um tratado constitucional capaz de recolher a adesão dos cidadãos e resistir ao teste do tempo, respeite um certo número de princípios que nos são caros: o princípio da igualdade entre os Estados, o reforço do método comunitário, a coesão económica e social. É importante que esse trabalho prossiga.

A reforma da União Europeia deve igualmente reforçar a sua capacidade para se afirmar no plano internacional. Tal exigirá, da parte dos parceiros europeus, um esforço para aproximar posições e agir em concerto. Só assim poderemos garantir que o peso económico da União tenha plena correspondência no plano da influência política. Num mundo atravessado por numerosos focos de tensão, uma União Europeia forte e coesa é um factor de equilíbrio com que todos teremos a ganhar.

Senhor Presidente
Minhas Senhoras e meus Senhores