Intervenção de SEXA PR por ocasião da Sessão de Abertura do Seminário Económico Luso-Lituano

Vilnius
16 de Maio de 2003


É com grande satisfação que me associo, juntamente com Sua Excelência o Senhor Presidente da Lituânia, a esta iniciativa. A nossa participação na sessão de abertura deste seminário económico luso-lituano, que reúne empresários e agentes económicos de Portugal e da Lituânia, testemunha a importância que atribuímos ao desenvolvimento das relações económicas entre os nossos dois países. Agradeço a presença de todos e desejo que esta jornada possa contribuir para melhorar o conhecimento recíproco das nossas economias e abrir oportunidades para os empresários que nela participam.

Grande parte da diplomacia é hoje económica e o aumento das trocas comerciais e dos investimentos constitui um meio indispensável ao aprofundamento das relações entre os povos, ao seu desenvolvimento e ao seu conhecimento mútuo.

A economia portuguesa e as nossas empresas precisam de diversificar os destinos das suas exportações e buscar novas oportunidades.

Neste domínio, os países da Europa Central e Oriental que agora aderem à União Europeia são uma natural prioridade – e por isso me faço acompanhar da Secretária de Estado do Comércio, da Indústria e dos Serviços, do Presidente do ICEP, organismo de promoção do investimento, do comércio e do turismo, bem como de uma importante delegação empresarial.

Portugal já foi, também, país candidato, sabe o que representa o processo de adesão e conhece bem a aceleração que a entrada de pleno direito neste vasto espaço económico, cultural e político traz à vida económica e social. A par das indispensáveis reformas, a integração tem um efeito muito importante nas aspirações e modo de funcionamento de toda a sociedade, introduzindo um potencial que há que saber aproveitar para assegurar um crescimento económico saudável.

O desenvolvimento do comércio é benéfico para ambas as partes. Cabe, pois, melhorar o conhecimento recíproco para que as complementaridades das nossas economias se possam evidenciar e dar frutos. Portugal tem, em vários domínios, uma oferta com uma excelente relação qualidade-preço, como é o caso dos têxteis e vestuário, dos materiais de construção, de alguns bens de consumo e intermédios e do turismo.

A entrada da Lituânia e dos outros Estados Bálticos na União Europeia vem abrir um quadro novo de possibilidades, sobretudo pela maior previsibilidade e estabilidade política e económica bem como pelas ajudas financeiras ao desenvolvimento que a integração proporciona, no quadro das suas preocupações com a coesão económica e social.
Portugal sofreu uma evolução notável nos últimos quinze anos e sabe bem como, em muitas áreas, sobretudo de infraestruturas, os apoios e programas comunitários foram decisivos, embora o mais importante sejam as reformas internas e o esforço das empresas e cidadãos.

Também por isso sempre apoiámos o alargamento da União Europeia às democracias da Europa Central e Oriental. Fizemo-lo, primeiro, por convicção e depois por coerência, porque reconhecemos, por experiência própria, a importância decisiva que a nossa própria adesão às então Comunidades Europeias teve para a consolidação da democracia política, para o desenvolvimento da economia, para o estreitamento do relacionamento bilateral com os nossos parceiros europeus e, em geral, para o reforço da nossa projecção internacional. Por isso sempre considerámos o alargamento um dever, uma necessidade e uma oportunidade. Dever de solidariedade para com as novas democracias. Oportunidade de desenvolvimento, segurança, paz e estabilidade no continente europeu. Necessidade resultante do processo de mundialização em curso, em que só uma União alargada se poderá impor e fazer valer os seus interesses e valores.

Por conseguinte, apesar de representar um desafio, que suscita alguma apreensão designadamente quanto ao impacto que produzirá na economia de países como Portugal, quer pela maior concorrência, quer pela partilha das ajudas comunitárias, o alargamento trará novas oportunidades que importa explorar. Por exemplo, o aumento do poder de compra nos novos países membros irá, decerto, trazer novas oportunidades às empresas com melhor oferta e condições de concorrência, incluindo algumas das que me acompanham e aqui estão hoje. Há pois, estou em crer, um vasto campo a explorar no conhecimento recíproco e no fortalecimento de relações que, nalguns casos, poderão incluir parcerias para investimento, dada a distância que separa os nossos dois países.

A União Europeia tem uma responsabilidade histórica e política para com os novos países membros da Europa Central e Oriental, e Portugal, que tem beneficiado desde há muito da integração e da solidariedade europeias, deseja que eles tenham, pelo menos, igual sucesso.

A nossa diplomacia, os responsáveis do ICEP e os empresários portugueses, a começar pelos que aqui estão, terão certamente todo o empenho em trocar informações e esclarecimentos com os seus homólogos lituanos. Neste sentido, espero que este seminário possa ser um ponto de partida para um reforço das relações económicas entre os nossos países e desejo a todos os participantes um bom trabalho.