Agraciamento da Senhora Mary Robinson

Palácio de Belém
11 de Abril de 2003


Excelência
Minhas Senhoras e meus Senhores

Esta singela cerimónia traduz o justíssimo acto de homenagem do Estado Português à Senhora Mary Robinson, pelo seu notável e constante empenho na defesa dos direitos humanos e na promoção da dignidade humana.

Como advogada, como Presidente da Irlanda, como Alta Comissária para os Direitos Humanos, Mary Robinson distinguiu-se sempre pela convicção e firmeza que colocou na defesa de valores e de princípios, pela sua independência de espírito, pelo rigor com que tem actuado na busca de soluções para os problemas que afligem a Humanidade. O seu percurso pessoal e profissional tem sido um constante exemplo de verticalidade, de dedicação a causas nobres, de empenho na criação de um mundo mais justo e mais solidário. Portugal não esquece, muito especialmente, o seu combate pelo povo de Timor Leste.

Em 1997 tive o privilégio e o prazer de a receber aqui em Lisboa, quando recebeu o Prémio Norte-Sul que lhe foi muito justamente atribuído pelo Conselho da Europa. Mas a minha admiração e estima pessoal por Mary Robinson datava já de há vinte anos atrás, desde que nos conhecemos em Estrasburgo, no quadro dos trabalhos da então Comissão dos Direitos do Homem.

E foi com uma admiração e um respeito sempre renovados que segui a forma tão distinta como exerceu as suas altíssimas funções como Presidente da República e depois como Alta Comissária das Nações Unidas. Vimo-la na China, na Colômbia, na África do Sul e em Timor, como antes já a víramos, em condições particularmente trágicas, no Ruanda e na Somália, incansável e corajosa na defesa dos direitos inalienáveis da pessoa humana, da justiça, do progresso e da solidariedade.

Como todas as figuras ímpares, a sua acção suscitou controvérsia, a par de admiração e de reconhecimento. Cada tempo tem o seu juízo. O juízo sem reservas da República Portuguesa é simbolizado pela Grã-Cruz da Ordem de Cristo que agora tenho a honra de lhe impor.