Discurso de SEXA PR por ocasião da Sessão Solene Comemorativa dos 50 Anos da Fundação Ricardo Espírito Santo Silva

Lisboa
09 de Julho de 2003


A razão por que respondi ao amável convite para presidir a esta Sessão Solene Comemorativa dos 50 Anos da Fundação Ricardo Espírito Santo Silva e à inauguração da Exposição "Ricardo Espírito Santo Silva – Coleccionador e Mecenas" ultrapassa o âmbito de uma efeméride por mais motivos que tenhamos para a comemorar, como é o caso.
Nesta singular ocasião e na presença de tão ilustres convidados foi já aqui realçado o papel tão importante que esta instituição vem desempenhando na defesa das artes decorativas portuguesas e de muitos ofícios afins.

É hoje bem conhecido o papel que esta instituição desenvolveu desde a sua criação, mas, não é demais pô-lo em evidência. A exposição, as edições, os colóquios e a numerosas actividades que preenchem as celebrações do cinquentenário da Fundação Ricardo Espírito Santo Silva muito contribuem para destacar o seu passado, mas também para avaliar as potencialidades e necessidades desta prestigiada instituição.

A criação desta Fundação coroa a acção do seu fundador na defesa e preservação do nosso património, a que se juntou um invulgar espírito de serviço á nossa cultura que não devemos esquecer.

Ricardo Espírito Santo Silva constitui uma referência, como mecenas e como pioneiro na atenção que deu ao ensino das artes decorativas.
Foi pioneiro porque soube entender a valiosa a colecção que nos legou como factor de dinamização, de estudo e de investigação no campo das artes aplicadas, ligando desde logo o ensino profissional de qualidade ao museu.

Este projecto teve, como sabemos, os melhores resultados, sendo unânime, tanto em Portugal como no estrangeiro, o reconhecimento da excelência desta instituição. O seu fundador morreu prematuramente, mas a sua obra tem continuado graças ao dinamismo e ao empenho das direcções que durante estes cinquenta anos souberam, apesar das dificuldades, cumprir as finalidades com as quais esta Fundação foi instituída.

Na difícil conjuntura económica que atravessamos, cujos efeitos se fazem sentir na cultura de uma forma notória, não é demais lembrar e apelar para que os poderes com tutela sobre esta Fundação entendam a importância e o alcance desta obra.

A Cultura não é um acessório, a Cultura é sempre uma prioridade e um bem que justifica que se invista nela. Portugal terá de se afirmar pela sua cultura. As Artes Decorativas Portuguesas são parte fundamental da nossa cultura e o interesse que têm suscitado junto dos jovens permite olhar o seu futuro com optimismo.

Sei que este apelo que aqui lanço publicamente não deixará de ser atendido pelos detentores de responsabilidades institucionais na Fundação Ricardo Espírito Santo Silva.

Quero hoje expressar o meu caloroso reconhecimento a todos os que aqui trabalham, professores, alunos e funcionários, na pessoa da Senhora Presidente do Conselho Directivo, Dra. Maria João Bustorff, e dos membros da direcção. Desejo as maiores felicidades ao vosso trabalho e a esta instituição.