Inauguração Centro Cultural Macau

Macau
19 de Março de 1999


Senhor Vice-Primeiro Ministro da República Popular da China
Senhor Governador de Macau
Excelências
Minhas Senhoras e Meus Senhores
 
O Centro Cultural que hoje inauguramos é uma grande obra de que Macau se pode orgulhar. Neste belo empreendimento podem, a partir de agora, tomar forma aquelas características que fazem a especificidade cultural de Macau, que constituem o melhor do seu perfil histórico e que a Declaração Conjunta reconhece e consagra para o futuro.

Terra onde se deu um encontro original de civilizações, culturas e povos, Macau é o ponto de cruzamento de espaços e de tempos, do Ocidente e do Oriente, do que foi e do que será.

Ao olharmos a rigorosa ousadia deste edifício, que associa solidez, subtileza, elegância, grandeza, abertura, e ao considerarmos o que ele vai albergar, é legitimo concluir que aqui fica inscrito o mais alto simbolismo da identidade de Macau - essa identidade feita de contrastes e de harmonias, de raízes e de utopias, de luzes e de sombras.

A identidade de Macau, constituída ao longo dos séculos e que se expressou de modo único nos planos cultural, religioso, antropológico, científico, social e mesmo político é o seu melhor património para o futuro.

Foi em Macau que funcionou a primeira universidade ocidental do Extremo-Oriente, foi por aqui que se introduziu a imprensa de caracteres móveis, foi aqui que se procuraram, descobriram e criaram realidades novas.

Esta é a herança de modernidade, cosmopolitismo e universalismo que este Centro Cultural recebe e que será assumida na abertura à inovação, à criatividade, à diversidade cultural.

Nesse sentido, o Centro Cultural é um espaço de diálogo, intercâmbio e intervivência cultural, tanto no contexto regional como no internacional, um lugar de reflexão e de pluralismo de concepções e formas de expressão artística, contribuindo para que Macau continui a ser aquele espaço vocacionado para a grande causa do encontro entre civilizações.

O Território tem registado, nos últimos anos, um constante desenvolvimento económico. É importante que, a par desse progresso material, o desenvolvimento cultural, social e humano seja considerado uma preocupação estratégica e um motivo de atracção.

Ao longo dos séculos, Macau foi, para Portugal, um inestimável factor de valorização cultural. Aqui encontrámos sempre razões para sermos universais. Sabemos que a próxima transferência de soberania para a China não diminuirá a nossa afeição por Macau, nem a nossa ligação, nem a memória desta terra e da sua gente, que continuará viva em nós.

Desejamos que o Macau do futuro seja o Macau que neste Centro Cultural encontra um dos seus símbolos de progresso, de identidade, de renovação, de dinamismo.

Saúdo Vossa Excelência, Senhor Vice-Primeiro Ministro da República Popular da China, Qian Qichen, que, para nossa alegria, aqui está connosco. É este o momento de darmos testemunho da nossa amizade secular com a China e de a projectarmos no futuro.

Agradeço e felicito todos os que tornaram possível, conceberam, dinamizaram e realizaram este grande projecto, com o qual nos congratulamos e em que nos revemos, um projecto que é sinal de ampla visão e confiança no futuro de Macau.