Discurso de SEXA PR por ocasião da Sessão Solene do Dia Mundial da Arquitectura

Lisboa
06 de Outubro de 2003


Senhora Presidente da Ordem dos Arquitectos

Quero começar por lhe dirigir as minhas palavras e felicitá-la pelo programa que vem decorrendo para assinalar o "Ano Nacional da Arquitectura 2003". Esta grande iniciativa, que se realiza sob o tema do "Direito à Arquitectura", vem contribuir para a sensibilização dos cidadãos e põe ainda mais em evidência a importância da Arquitectura na vida de todos nós.

A Arquitectura é o espelho do homem, das suas necessidades básicas aos seus sonhos mais elevados, desde os abrigos até às catedrais. Ao longo dos tempos, o homem foi construindo mundos no mundo que lhe foi dado. Os arquitectos são os herdeiros dessa responsabilidade e desse desígnio. Assim, a arquitectura é uma mistura de técnica e de arte, de medida e de visão, de rigor e de ambição. A arquitectura condiciona, determina e influencia as nossas vidas individuais e colectivas. Por isso, é cada vez mais necessário sensibilizar e incutir nos cidadãos consciência da importância da Arquitectura e do Urbanismo na qualidade de vida.

Para este grande objectivo, terão de ser mobilizados os arquitectos e os cidadãos, o Estado e a Sociedade, o poder central, as autarquias e todas as instituições e associações com um papel activo no território. Só assim poderemos ter uma mais adequada resposta às necessidades programáticas e uma mais qualificada participação de todos os intervenientes no processo.

Para tanto, requer-se uma atenta reflexão, necessariamente mais informada e conhecedora das novas condicionantes da actividade arquitectónica e que ponha em evidência as boas realizações mas também os erros e fracassos. A consciência deste facto levou em boa hora a Ordem dos Arquitectos a patrocinar e promover este Ano Internacional, no qual se incluirá a publicação do estudo de grande envergadura, hoje anunciado.

O "Inquérito à Arquitectura do século XX em Portugal", cujo projecto hoje se anuncia, para assinalar o Dia Mundial da Arquitectura, será uma peça importante para nos ajudar a formar uma visão de conjunto sobre o que foi a nossa arquitectura no século que ainda há pouco terminou. Desejo bom trabalho à Senhora Arq. Ana Tostões e à sua equipa. É bom que em breve possamos dispor de um levantamento que cobre o território nacional e responde às preocupações mundiais que a UNESCO e a União Internacional dos Arquitectos têm expressado.

Este trabalho dará uma grande ajuda à divulgação e ao conhecimento de nossa arquitectura e será, sem dúvida, um instrumento de reflexão e de defesa do património construído. Estão de parabéns a Ordem dos Arquitectos, a Fundación Mies Van der Rohe (de Espanha) e o Instituto das Artes do Ministério da Cultura reunidas numa exemplar parceria, que torna esta obra possível.

Todos sabemos que só uma opinião pública bem preparada e informada poderá dar um melhor contributo na valorização de uma prática que, cabendo indubitavelmente aos arquitectos, diz respeito, afinal, a todos e a cada um de nós.

O Direito à Arquitectura assiste a todos. E tem como correspondência os Deveres da Arquitectura para com a comunidade e a cidadania. O desígnio de uma melhor arquitectura, no quadro do ordenamento do território e no espaço construído do nosso quotidiano, exige um trabalho constante e uma sensibilização permanente. Este inquérito propõe-se contribuir para esse desígnio, trazendo-nos um valioso conjunto de informações que colocará em primeiro plano o melhor do nosso recente património arquitectónico.

Desejo os maiores êxitos ao programa do "Ano Nacional de Arquitectura 2003", aguardando com expectativa muitos dos acontecimentos que se seguem. Faço votos para que o encontro com os "Jovens Arquitectos", agendado para o final do ano, possa ter uma extensa participação e traga à mesa do debate as prementes questões que se colocam aos jovens autores. A arquitectura do presente e do futuro depende deles.

Nós temos o dever de os apoiar e incentivar nessa procura do futuro da arquitectura portuguesa.