Nasceu a 11 de Abril de 1910, em Estremoz, no Alto Alentejo, e faleceu
em Lisboa a 13 de Agosto de 1996.
Filho de António Sebastião de Spínola e de Maria
Gabriela Alves Ribeiro de Spínola. Filho de uma família
abastada: seu pai foi inspector-geral de Finanças e chefe de gabinete
de Salazar no Ministério das Finanças.
Casou, em 1932, com Maria Helena Martin Monteiro de Barros.
CARREIRA ACADÉMICA
Em 1920, ingressa no Colégio Militar, em Lisboa, para fazer o
ensino secundário que conclui em 1928.
Em 1928, frequenta a Escola Politécnica de Lisboa.
CARGOS DESEMPENHADOS ATÉ À PRESIDÊNCIA
DA REPÚBLICA
Colocado inicialmente, em 1928, no Regimento de Cavalaria 4, irá
exercer as funções de instrutor, durante seis anos, no Regimento
de Cavalaria 7, a partir de 1933, já como alferes. Em 1939,
exercerá as funções de ajudante-de-campo do comandante
da GNR (Guarda Nacional Republicana), general Monteiro de Barros, seu sogro,
e dará início à sua colaboração na Revista
de Cavalaria de que é co-fundador.
Em 1941, é integrado na missão de estudo do Exército
português para uma visita à Escola de Carros de Combate do Exército
alemão e à frente germano-russa.
Em 1947, é nomeado para uma missão de estudo na Guarda
Civil Espanhola, uma vez que exercia funções na Guarda Nacional
Republicana.
Em 1961, como tenente-coronel, desempenha as funções de
2.º comandante e comandante do Regimento de Lanceiros 2.
Com o início da guerra em Angola oferece-se como voluntário
e organiza o Grupo de Cavalaria 345. É colocado com a sua unidade,
em Angola, em 1961, onde frequenta por curto período um curso de
aperfeiçoamento operacional no Centro de Instrução
Militar de Grafanil, em Luanda. A sua primeira missão é
na região de Bessa Monteiro e mais tarde na região fronteiriça
de São Salvador do Congo. Permanecerá em Angola até
1963.
Em 1967, é nomeado 2.º comandante-geral da Guarda Nacional Republicana.
Em 1968, é chamado para exercer as funções de governador
e comandante-chefe das Forças Armadas da Guiné, cargos para
que volta a ser nomeado em 1972, por recondução, mas que
não aceita alegando falta de apoio do Governo Central.
Em Novembro de 1973, é convidado por Marcelo Caetano, numa tentativa
de o colocar no regime, para ocupar a pasta de ministro do Ultramar, cargo
que não aceita. A 17 de Janeiro de 1974, é nomeado
para vice-chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, por sugestão
de Costa Gomes, cargo de que é demitido em Março, por se
ter recusado a participar na manifestação de apoio ao Governo
e à sua política.
A 25 de Abril de 1974, como representante do MFA(Movimento das Forças
Armadas), aceita do Presidente do Conselho, Marcelo Caetano, a rendição
do Governo, o que na prática significa uma transmissão de
poderes.
Com a instituição da Junta de Salvação Nacional,
órgão que passou a deter as atribuições dos
órgãos fundamentais do Estado, a que presidia, é escolhido
pelos seus membros para o exercício das funções de
Presidente da República.
Ocupará a Presidência da República a 15 de Maio
de 1974, cargo que irá exercer até 30 de Setembro de 1974,
altura em que renuncia e é substituído pelo general Costa
Gomes.
PRINCIPAIS OBRAS PUBLICADAS
Por Uma Guiné Melhor, em 1970; Linha de Acção,
em 1971; No Caminho do Futuro, em 1972, e Por Uma Portugalidade Renovada,
em 1973 , obras reunidas em quatro volumes.
Portugal e o Futuro, publicado em 1974.
Ao Serviço de Portugal, publicado em 1976.
País sem Rumo, publicado em 1978.
O marechal António de Spínola ficará para a nossa
história como o símbolo da transição dos regimes
autoritários de Salazar e Caetano para a democracia pluralista,
era a opinião do embaixador Nunes Barata que privou com ele de perto.
Uma verdade que não deixa dúvidas.
Admirado por uns, odiado por outros, acabou por ser considerado
um bom militar mas um mau político.
Homem do Exército, fez a maior parte do seu percurso militar
durante a vigência do Estado Novo.
Começa a destacar-se em 1961, com o início da guerra em
Angola, para onde se ofereceu como voluntário.
Em Angola, toma consciência de que para vencer a guerra de guerrilha
a solução jamais poderia ser militar, mas sim política.
Gradualmente faz sentir isto ao Governo.
É na Guiné, quando assume o seu governo, que faz essa
pressão. A pouco e pouco vai advogando a ideia da constituição
de uma federação que poderia ser aplicável aos territórios
ultramarinos.
O seu livro Portugal e o Futuro expressa bem essas ideias.
Ideias de transição, já que não concebiam
a concessão de uma independência total aos territórios
ultramarinos.
Criado dentro dos cânones do regime, em que um dos pilares de
sustentação era o império colonial, não conseguiu
ultrapassar isto no seu todo.
As atitudes que vai tomando depois do 25 de Abril demonstram essa desadaptação.
A sua demissão da Presidência da República após
a tentativa falhada de golpe da chamada "maioria silenciosa", a 28 de Setembro
de 1974, o seu envolvimento na tentativa de golpe militar de 11 de Março
de 1975, são exemplos concretos.
É ainda um homem de transição
quando aceita das mãos, de Marcelo Caetano a transmissão
de poderes governativos. Uma situação similar à
que já tinha sucedido por altura do golpe militar do 28 de Maio,
quando um outro militar, Mendes Cabeçadas, aceita a mesma transmissão
de poderes das mãos do Presidente Bernardino Machado. Embora
não fosse um democrata de formação, colaborou, no
entanto, para o início do processo democrático.
O importante papel que desempenhou é oficialmente reconhecido
a 5 de Fevereiro de 1987, pelo então Presidente da República
Mário Soares, ao empossá-lo como chanceler das Antigas
Ordens Militares, e ao entregar-lhe as insígnias da Grã-Cruz
da Ordem Militar da Torre e Espada, pelos "feitos de heroísmo militar
e cívico e por ter sido símbolo da Revolução
de Abril e o primeiro Presidente da República após a ditadura".