Nasceu a 24 de Fevereiro de 1843, em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel,
no arquipélago dos Açores, filho de Joaquim Manuel Fernandes
Braga, oficial do exército miguelista e posteriormente professor
de Matemática e Filosofia, e de D. Maria José da Câmara
Albuquerque, ambos descendentes de aristocratas, o primeiro descendente
presumível de D. João V e a segunda talvez de D. Afonso III.
A mãe morre, quando Teófilo tinha 3 anos de idade,
e a sua morte e a má relação futura com a madrasta,
com quem seu pai casa dois anos depois, vão marcar decisivamente
o seu temperamento fechado e agreste.
Em 1868, casou com Maria do Carmo Xavier de quem teve três filhos.
Tanto a sua esposa como os filhos faleceram muito jovens. Faleceu no seu
gabinete de trabalho em 28 de Janeiro de 1924.
ACTIVIDADE PROFISSIONAL
Para se afastar da influência da madrasta, começou por
trabalhar na tipografia do jornal A Ilha, estendendo a sua colaboração
aos jornais O Meteoro e O Santelmo.
Terminados os estudos em Ponta Delgada, ingressa na Faculdade de Coimbra,
com a ideia de cursar Teologia, acabando, no entanto, por optar pelo curso
de Direito.
Como a ajuda paterna fosse insuficiente, só graças às
traduções, explicações, artigos e poemas conseguiu
acabar o curso, defendendo tese e tomando capelo, em 1868, a pedido da
própria Faculdade. Esta simpatia e apreço não evitaram
que fosse preterido não só para o cargo de lente daquele
estabelecimento de ensino, como também para o de professor da Escola
Politécnica do Porto.
Em 1872, concorre a lente da cadeira de Literaturas Modernas do Curso
Superior de Letras. Consegue desta vez assegurar o lugar superiorizando-se
no confronto com Manuel Pinheiro Chagas e Luciano Cordeiro.
A partir desta época, o positivismo de Auguste Comte vai exercer
uma influência decisiva na sua forma de pensar e consequentemente
na sua obra literária e na sua atitude política. A partir
de 1878, funda e dirige com Júlio de Matos a revista O Positivismo,
o mesmo se passa em relação às revistas A Era Nova,
em 1880, e Revista de Estudos Livres, a partir de 1884, mas desta vez em
parceria com Teixeira Bastos.
Em 1880, junto com Ramalho Ortigão, organiza e coordena as comemorações
do Tricentenário de Camões.
PERCURSO POLÍTICO
Em 1871, é um dos subscritores do projecto das Conferências
Democráticas do Casino Lisbonense, interrompidas por acção
das autoridades monárquicas.
Influenciado pelas teses sociológicas e políticas da teoria
positivista, cedo adere aos ideais republicanos, podendo considerar-se
como pertencendo à geração dos republicanos doutrinários.
Nesta qualidade desenvolveu as actividades seguintes, nomeadamente:
- Candidato às eleições de Outubro de 1878, pelos
republicanos federalistas;
- Membro do directório Republicano Português em 1890;
- Assina e colabora na elaboração do Manifesto Programa
do PRP de 11 de Janeiro de 1891, que precede de três semanas a revolução
de Janeiro de 1891;
-Membro efectivo do directório político, em 1 de Janeiro
de 1910, conjuntamente com Basílio Teles, Eusébio Leão,
José Cupertino Ribeiro e José Relvas;
-Deputado por Lisboa nas eleições de 28 de Agosto de
1910;
-Presidente do Governo Provisório republicano (Publicado em
Diário do Governo de 6 de Outubro de 1910);
-Presidente da República em substituição de Manuel
de Arriaga; exerceu o cargo no período compreendido entre 29 de Maio de
1915 e 4 de Agosto do mesmo ano.
ELEIÇÕES E PERÍODO PRESIDENCIAL
Foi eleito na sessão do Congresso de 29 de Maio de 1915, obtendo
98 votos a favor, contra 1 voto do Dr. Duarte Leite Pereira da Silva e
3 votos em branco. Presidente de transição, face
à demissão de Manuel de Arriaga, cumprirá o mandato
até ao dia 5 de Outubro do mesmo ano, sendo substituído por
Bernardino Machado.
Na impossibilidade de João Chagas poder tomar posse por ter sido
vítima de um atentado, José Ribeiro de Castro será
empossado num novo governo, o 11.º Constitucional, em 18 de Junho de 1915,
e que durará até 29 de Novembro do mesmo ano.
ACTIVIDADE PÓS-PRESIDENCIAL
Após o mandato, Teófilo Braga, sozinho e solitário,
em consequência da morte dos seus familiares mais chegados, dedicou-se
quase em exclusivo à sua actividade de escritor.
OBRAS PRINCIPAIS
A obra literária de Teófilo Braga é imensa e portanto
impossível de a enumerar exaustivamente num documento resumo, como
este pretende ser. Não queremos é deixar de mencionar alguns
exemplos, quanto mais não seja para ilustrar a diversidade das áreas
sobre que se debruçou. Assim, Folhas Verdes, de 1859, Stella Matutína,
de 1863, Visão dos Tempos e Tempestades Sonoras, de 1864, A Ondina
do Lago, de 1866, Torrentes, em 1869, Miragens Seculares de 1884, representam
incursões no campo da poesia. Ainda neste campo escreve a História
da Poesia Popular Portuguesa, em 1867, abrangendo o Romanceiro Geral e Cancioneiro
Popular e A Floresta de Vários Romances de 1868.
Como investigador das origens dos povos, seguiu a linha da análise
dos elementos tradicionais desde os mitos, passando pelos costumes e terminando
nos contos de tradição oral, que lhe permitiram escrever
obras como Os Contos Tradicionais do Povo Português, de 1883, O Povo
Português nos seus Costumes, Crenças e Tradições,
em 1885, e História da Poesia Portuguesa, que lhe levou anos a escrever,
procurando as suas origens através das várias épocas
e escolas.
As áreas restantes das suas 360 obras, abrangem campos tão
diversos como o da História Universal, História do Direito,
da Universidade de Coimbra, do Teatro Português, da influência
de Gil Vicente naquela forma de manifestação artística,
da Literatura Portuguesa, das Novelas Portuguesas de Cavalaria, do Romantismo
em Portugal, das Ideias Republicanas em Portugal, passando pelos folhetos
de polémica literária e política e ensaios biográficos,
como o que respeita a Filinto Elísio.
Além desta verdadeira enxurrada literária, nem sempre
abordada com o rigor exigido, o que lhe valeu várias críticas
dos meios literários da época, não se pode esquecer
o seu contributo para a coordenação das obras de Camões,
Bocage, João de Deus e Garrett, os prefácios para tantas
obras dos escritores mais representativos e um sem-número de artigos
escritos para os jornais do seu tempo.